Dois homens foram assassinados durante a noite de segunda-feira (23) em frente à Câmara de Vereadores de Mariluz, a 35 quilômetros de Umuarama, no Noroeste do estado, depois de uma discussão política. Os irmãos Maurício Lúcio Gomes e José Lúcio Gomes Neto, 41 e 43 anos respectivamente, ambos vendedores autônomos, receberam tiros no pescoço e no abdome. O suspeito de cometer os crimes é o Anderfabio Bazanela dos Santos, 28 anos, filho de um terceiro homem que se envolveu na briga, que se iniciou perto das 22h. Em 2001, na mesma cidade, o vice-prefeito, Aires Domingues; e o presidente do PPS municipal, Carlos Alberto de Carvalho, foram assassinados, com a participação do então prefeito, o padre Adelino Gonçalves.
A discussão desta segunda começou depois que o líder do prefeito na Câmara, Paulo Armando da Silva Alves (PSDB), esclareceu aos vereadores um suposto esquema de corte de árvores e venda de madeira, que seria feito por um funcionário da Prefeitura. Conforme o vereador Joel Magalhães dos Santos (PV), que acompanhou a sessão, o líder de Alves afirmou que o corte de árvores era uma prática comum na gestão anterior, de Cido Pinheiro (PMDB), representante de outro grupo político da cidade.
Após a sessão, do lado de fora da Câmara, onde havia cerca de 50 pessoas, o microempresário Dirceu dos Santos, 43 anos, ligado ao grupo de Pinheiro, iniciou uma discussão com Maurício Lúcio Gomes, partidário do atual prefeito. Segundo o Boletim de Ocorrência da PM, Gomes desferiu golpes de capacete na cabeça de Santos, que desmaiou. Sabendo do ferimento do pai, Anderfabio foi armado até o local da confusão e atirou contra Gomes e seu irmão, José Lúcio.
Maurício foi encaminhado a um hospital da região e José Lúcio, para Umuarama. Nenhum resistiu aos ferimentos. Já Dirceu, atingido com os golpes de capacete, também seguiu para um hospital de Umuarama. O hospital informa que ele já teve alta. Anderfabio fugiu e, até a manhã desta terça, permanecia foragido. Segundo o vereador Joel Magalhães dos Santos (PV), tanto Maurício, que é conhecido como Pezão, quanto Dirceu, concorreram, há bastante tempo, ao cargo de vereador, sem sucesso.
O delegado Edson da Rosa, que atua em Goioerê e que também responde por Mariluz, ordenou aos policiais ouvir testemunhas e fazer buscas pelo suspeito. Se ele não for preso até a noite desta terça (24), será expedido um pedido de prisão preventiva contra Anderfabio.
Mariluz tem pouco mais de 10 mil habitantes, sendo cerca de 6,5 mil eleitores. Há nove vereadores. As sessões da Câmara acontecem uma vez por semana, sempre às segundas-feiras.
Morte do vice-prefeito
Em maio deste ano, o padre Adelino Gonçalves foi condenado, no Tribunal do Júri de Cruzeiro do Oeste, a 18 anos e nove meses de prisão. Ele foi considerado culpado de duas mortes ocorridas em 2001, quando era prefeito de Mariluz. As vítimas foram o então vice-prefeito Aires Domingues e o presidente do PPS municipal, Carlos Alberto de Carvalho. A defesa já recorreu ao Tribunal de Justiça (TJ).
As duas vítimas morreram em 28 de fevereiro de 2001, uma Quarta-Feira de Cinzas. Conforme a investigação apurou, quem atirou nas vítimas foi o ex-policial militar José Lucas Mendes. Ele chegou a confessar os crimes e atribuiu o mando das mortes ao padre quando falou com a polícia. Mas, em juízo, mudou o depoimento e inocentou o padre, apesar de confessar a autoria dos tiros. Mendes morreu na cadeia em Campo Mourão antes de ser julgado.
Dois funcionários de confiança da prefeitura de Mariluz na época, Élcio Farias e Alexandro Nascimento, teriam usado dinheiro de Adelino para ir a Maringá comprar o carro usado pelo pistoleiro na noite do crime. Farias foi condenado a 10 anos de prisão, cumpriu dois e meio em regime fechado e outros dois e meio em regime semiaberto. Nascimento foi absolvido no processo, mas acabou morto em um acidente de carro. Na noite dos crimes, Adelino estava em Santa Catarina e, quando voltou a Mariluz, alguns dias depois, enfrentou protesto violento. Depois, o mandato de prefeito dele foi cassado pela Câmara Municipal.
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