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Saúde Pública

Dois mil maringaenses vivem com HIV e não sabem

Campanhas em locais públicos têm dado resultados na detecção de novos casos | Divulgação/ Sociedade Rural de Maringá
Campanhas em locais públicos têm dado resultados na detecção de novos casos (Foto: Divulgação/ Sociedade Rural de Maringá)

O desenvolvimento de medicamentos e a melhora na qualidade de vida de pessoas portadoras do vírus HIV deslocaram os objetivos no tratamento da doença. Identificar as pessoas que são soropositivas e não sabem é o novo desafio que os profissionais da saúde enfrentam. Segundo estimativa da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), cerca de 50 mil pessoas vivem com HIV no Paraná e não sabem. Apenas em Maringá, duas mil pessoas estão nessa situação.

Os números servem de parâmetro para que as autoridades tracem políticas públicas de saúde voltadas para essa população, mas as estratégias seriam mais bem definidas se essa estimativa fosse substituída pelos números reais de doentes, explicou Francisco Carlos dos Santos, coordenador do Programa DST/AIDS, da Sesa. "Queremos chegar o mais próximo dessa quantia. Assim sabemos quantos exames precisamos comprar e qual a estimativa de medicamentos necessários", exemplificou.

A projeção utilizada pela Sesa e pelo Ministério da Saúde indica que para cada doente de AIDS existam três pessoas estão infectadas pelo HIV. Entre todos, metade nunca fez exame de detecção e vive com o vírus sem saber. "O mais preocupante é quanto mais gente tem (o vírus) e não sabe, está disseminando para muito mais gente", disse Santos.

As campanhas de testagem rápida são uma alternativa para fechar essa lacuna de informação. Em Maringá, por exemplo, O laboratório itinerante realizou 650 exames durante a Expoingá, no começo de maio, tendo constatado 5 casos positivos. Segundo a enfermeira-chefe, Marta Evelyn Storti, esse índice é considerado alto, embora a maior parte dos infectados já desconfiassem que fossem portadores de HIV.

Para a enfermeira, a importância de estandes é que muitas pessoas não procuram os postos e ficam na dúvida. Quando há a oportunidade de fazer os exames em locais públicos, quem desconfia aproveita. Em Maringá, até dezembro, 1.090 pessoas estavam com AIDS.

Detecção precoce aumenta expectativa de vida

Segundo o coordenador estadual do programa, é importante lembrar a diferença entre casos de HIV e casos de AIDS. Ter HIV significa que o indivíduo é soropositivo, pode transmitir o vírus, mas ainda não se encontra doente. Essa situação persiste em média de 10 a 15 anos a partir da contaminação e durante esse tempo, o portador pode viver apenas com acompanhamento médico. Na maioria dos casos, até a medicação é dispensada. A AIDS propriamente dita começa depois desse período, quando o organismo começa a ficar debilitado pela baixa imunidade. Desse estágio em diante é que os coquetéis se tornam necessários, mas mesmo a partir daí a sobrevida pode ser de mais 15 anos, em média.

A importância do diagnóstico precoce, é que o acompanhamento médico ajuda o paciente a retardar a passagem do quadro de HIV para o de AIDS, e isso faz toda a diferença na expectativa de vida da pessoa. "Na década de 80, a expectativa de vida era de poucos meses, pois a pessoa só descobria quando já tinha AIDS. Hoje eu tenho amigos que estão com só com HIV há 22 anos", relatou Santos. No Paraná existem 22 mil pessoas em tratamento de AIDS. No Brasil são 35 mil novos casos por ano, sendo que as regiões sul e sudeste lideram o número de infectados.

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