48% das pessoas morrem no mesmo ano em que descobrem ter o vírus HIV
Os dados do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) mostram que, apesar das campanhas, muitas pessoas realizam o exame tardiamente em Maringá e região. No total, 48% das pessoas morrem no mesmo ano em que descobrem ter o vírus HIV. Outros 20% morrem no ano seguinte. "Esses números reforçam a importância de fazer sempre os testes. Esse alto número de mortes não é porque a doença não tem tratamento, mas porque o diagnóstico foi feito muito tarde", afirma Eliane Biazon, coordenadora do Serviço Municipal de DST/AIDS.
Quando as pessoas ainda não desenvolveram a doença mas têm o vírus HIV no organismo, é possível retardar o aparecimento da doença por meio do tratamento. Os médicos do CTA ajudam a melhorar a imunidade e fazem o acompanhamento da alimentação dos pacientes.
Eliane explica que fazer o teste rápido, disponível no CTA, é simples, gratuito e sigiloso. "Não é preciso agendar e o resultado sai em 15 minutos. Os profissionais da saúde coletam uma ou duas gotas de sangue de um dedo para o teste", conta. Ela reforça que toda pessoa que já teve uma relação sexual sem preservativo deve fazer o teste. "Isto vale também para quem fez sexo oral, sem preservativo."
Como os testes são feitos a partir da análise dos anticorpos, o paciente tem de esperar entre 30 e 60 dias, após a relação de risco para coletar o sangue, para ter certeza de que o resultado será confiável. "Se o exame é feito logo depois da relação, pode ter um falso negativo, porque o corpo não produziu anticorpos, mesmo o vírus já estando presente no organismo."
O CTA também dispõe de um exame que, além do vírus HIV, identifica outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). O resultado, porém, demora dez dias para ficar pronto.
Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)
Endereço: Rua Tabaetê, 396 Jardim Tabaetê.
Funcionamento: de segunda a quinta-feira, das 7h30 às 17 horas
Telefones: (44) 3293 8334 / 3293 8335.
Importante: é preciso levar documento de identificação para fazer o exame.
Maringá e região tinha 1.508 casos confirmados de infecção pelo vírus da Aids até setembro deste ano, segundo relatório mais recente do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). O grupo que liderava o ranking era o das donas de casa, com 190 casos do total. Na sequência, apareciam os comerciantes viajantes (129) e os motoristas (75). As prostitutas, geralmente vistas como um grupo de risco, estavam no 13º lugar, com 12 casos registrados.
"As pessoas que se sentem mais seguras são as que estão mais expostas ao vírus. O aumento de infecções pelo HIV entre homens e idosos se reflete no índice das mulheres, entre as quais as donas de casa, que se sentem fora do risco de contrair o vírus. Não se pode achar nunca que está totalmente livre da possibilidade de contágio", explica Eliane Biazon, coordenadora do Serviço Municipal de DST/AIDS, do qual faz parte o CTA.
Na faixa etária dos 13 aos 19 anos, as mulheres já eram maioria entre os soropositivos em Maringá e região. Os números do CTA revelam que, até setembro, para cada rapaz com o vírus, havia duas garotas na mesma situação. Na faixa etária de 20 a 39 anos, porém, observa-se o contrário: para cada mulher, havia dois homens.
A faixa dos 30 aos 39 anos era a que continha o maior número de infectados 581 casos, que representavam 38,5% do total. A faixa dos 40 aos 59 casos estava em segundo lugar, com 508 registros (34%). Já o número de contaminados com 60 anos ou mais é crescente e contava com 31 pessoas.
"Os idosos estão se contaminado mais, porque existe facilidade em comprar medicamentos estimulantes para prolongar a vida sexual e eles têm dificuldade em usar o preservativo. Os homens que geralmente usam esses remédios fora de casa contraem o vírus e depois transmitem para a mulher. Muitas vezes, damos o diagnóstico positivo para mulheres que tiveram um único parceiro na vida", conta Eliane.
Diferentemente do que muitas pessoas pensam, os homossexuais não respondem pela maior parcela entre os soropositivos. Segundo o CTA, a predominância é dos heterossexuais, com 66% do total de casos, até setembro. Os homossexuais apareciam em segundo lugar com 13% e os bissexuais em terceiro, com 9%. "Quando começou a epidemia, a Aids era considerada uma doença de homossexuais e prostitutas. Essa população, que inicialmente foi considerada de risco, começou a se cuidar", explica a coordenadora.
Além do contagio por relações sexuais, a doença pode ser adquirida por usuários de droga que injetam os entorpecentes diretamente na corrente sanguínea, por meio de seringas. No total, 3% dos 1.508 casos eram de pessoas que pegaram a doença dessa forma, de acordo com os dados do CTA.
Eliane alerta que não havia apenas 1.508 pessoas com o vírus HIV em Maringá e região até setembro. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que para cada pessoa que sabe ter o vírus, existem mais cinco que desconhecem. Do total de casos registrados no CTA, 65% viviam em Maringá e o restante nos outros 30 municípios da 15ª Regional de Saúde.
Segundo o CTA, 80% das 1.508 pessoas acompanhadas já tinham manifestado a doença e recebiam a medicação. Os 20% restantes descobriram que têm o vírus, mas a doença ainda não tinha se desenvolvido. "Eles [do grupo de 20%] fazem exames a cada três meses para monitorar o comportamento do vírus, para que os médicos encontrem maneiras de retardar o aparecimento dos sintomas", diz.
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