Com a suspeita de que macacos estariam contaminados com febre amarela, o Parque do Ingá fechava suas portas há exatamente um ano. Mesmo com a constatação - feita três meses depois - de que não havia perigo para a saúde humana, um dos principais pontos turísticos de Maringá permanece fechado para visitações. Em meio ao clima de mistério, a prefeitura alega que o parque segue inacessível ao público por conta de obras que estão sendo feitas no local.
Mas o que se passa no interior da mata e que poucos podem ver? Segundo o secretário municipal de meio-ambiente, Diniz Afonso, o acesso não está sendo permitido para "não estragar a surpresa". "A revitalização está sendo feita de forma que, quando reabrirmos o local, a população verá um parque novo e totalmente diferente do que elas têm em mente", explicou.
A posição da prefeitura não agradou alguns membros da Câmara municipal. Na quinta-feira (15), os vereadores Humberto Henrique (PT) e Marly Martin (DEM) requisitaram informações sobre a previsão de reabertura do parque, quais as melhorias e obras feitas no local e ainda o valor e a origem dos recursos aplicados nessas obras. "Não temos informação nenhuma do que acontece lá; tem que ter mais transparência. Falam que Maringá é uma cidade verde, mas na minha opinião a administração municipal não prioriza o meio-ambiente", afirmou o parlamentar petista.
Parque deve ser reaberto até julho
Apesar de não liberar acesso ao parque, a prefeitura encaminhou um material (inclusive com imagens) explicando o trabalho que vem sendo realizado no local, que deve ser reaberto em julho. Segundo nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a prefeitura vem estudando a revitalização do Parque do Ingá desde 2005, mas que uma série de fatores causou o atraso nas obras. "A reabertura não depende só da prefeitura. Existem fatores externos que interferem no cronograma, como prazos de licitação, autorização do Ibama, condições climáticas", destacou Diniz Afonso.
Primeiramente, o município alega que houve a necessidade de revisar o Plano de Manejo, que não seria feito desde 1999 (apesar de a lei recomendar sua revisão há cada cinco anos). O trabalho feito por uma equipe de 80 profissionais - entre eles 30 doutores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) - foi concluído e entregue em novembro de 2007, mesmo ano em que o município contratou uma consultoria especializada para identificar atividades que poderiam tornar o parque autossustentável.
Na sequência, a prefeitura aponta a morte dos macacos como um dos fatores para o atraso. Em abril de 2009, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) determinou a restrição de acesso do público no parque em e iniciou estudos para identificar as causas e possível transmissão para humanos. "Durante este período a prefeitura pretendia iniciar as obras, porém, por causa da insegurança sobre a causa das mortes preferiu não arriscar a saúde dos funcionários e terceirizados que estariam trabalhando no local", destacou a nota da prefeitura.
Após a liberação do parque pela Sesa (em julho do ano passado), houve um imbróglio com o projeto aprovado pelo Ministério das Cidades para instalar galerias de águas pluviais no entorno do parque. Como não contemplava a recuperação da pista, o município precisou reavaliar o projeto e pedir nova autorização da Caixa Econômica Federal, que só teria chegado em janeiro deste ano.
Parque interativo
Segundo o secretário municipal de Meio-Ambiente, o novo parque apostará na interatividade, inclusive com algumas atrações pagas. Entre as novidades prometidas está a instalação de um circuito de arvorismo e tirolesas (que será construído em maio), construção da autopista para carrinhos elétricos (em andamento), além da colocação de decks de madeira, portal de entrada, anfiteatro aberto e loja de souvenires (em processo de elaboração de editais para licitação). "O novo Parque do Ingá será orgulho para todos os maringaenses. Não será mais um local apenas de contemplação, mas de interatividade com atrativos para todas as idades", destacou Diniz.
A prefeitura também pretende adequar o museu e o ambulatório, além de construir um auditório, sanitários e centro de lazer, cujos projetos estão concluídos e em licitação. O problema é que as obras não podem começar até que todos os animais do antigo zoológico sejam removidos. Em nota, a assessoria de imprensa informa que em maio de 2007, a prefeitura solicitou ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) a autorização para destinação dos animais. Porém, até o momento, ainda não recebeu permissão para retirar leões, pumas, macacos, entre outros bichos.