Em 12 meses, o greening pode comprometer 15% da produção anual de laranja do estado que é de 18 milhões de caixas de 40,8 quilos cada , segundo a estimativa da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). De acordo com o órgão ligado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a perda de 5%, estimada para a próxima safra, deve ser triplicada em um ano por conta do crescente avanço da doença causado pela falta do manejo correto dos laranjais.
Conhecida popularmente como amarelão ou HLB (do inglês, Huanglongbing), a doença é causada por uma bactéria transmitida pelo inseto psilídeo. O coordenador de Sanidade da Citricultura da Adapar, José Croce Filho, explica que uma vez infectada, a planta está condenada e precisa ser erradicada.
Caso isso não ocorra, a planta doente transmite rapidamente a bactéria causadora do problema. Croce salienta que para cada laranjal comprovadamente doente, a estimativa é de que outros três estejam infectados, embora não apresentem sintomas visíveis como folhas secas e amareladas e frutos deformados.
De acordo com a Adapar, a doença já foi registrada em 89 dos 155 municípios produtores de citros do Paraná, especialmente na faixa entre Umuarama, no Noroeste, e Cornélio Procópio, no Norte do Estado. Atualmente, as regiões Noroeste e Norte são responsáveis por 80% da produção da citricultura paranaense.
Região Noroeste
O índice médio de infestação nos pomares do Noroeste do Paraná é de 2%, segundo a estimativa da Adapar. O índice é o mesmo do que levantado na área de atuação da Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar), onde existem 12 mil hectares dedicados ao plantio de laranja, com a produção de 10 milhões de caixas anuais.
De acordo com o coordenador de cultura perene da Cocamar, Robson Ferreira, a incidência de greening na região tem registrado aumento gradativo desde 2005. "O número de plantas doentes aumenta quando não há a erradicação da doença, quando o produtor não coopera. Por isso, enfrentamos uma situação cada vez mais preocupante."
O produtor Ricardo Pasquali conta que apesar de realizar o manejo das plantas conforme as orientações técnicas, o índice de infestação em sua propriedade aumentou no último ano. Segundo Pasquali, a alta incidência de chuva nos meses de abril e maio coincidiu com o período de pulverização. "A gente aplicava o veneno e chovia em seguida, o que acabava 'lavando' os pomares. Assim, as plantas não ficaram totalmente protegidas contra a bactéria do greening."
Além do problema enfrentado no período de pulverização, Pasquali afirma que a falta de manejo de produtores vizinhos prejudica, também, quem realiza o controle corretamente. "Se eles não fazem a erradicação conforme determina a Secretaria de Agricultura, a doença se espalha com mais facilidade e a produção da região fica toda prejudicada."
De acordo com José Croce Filho, 30% dos citricultores não fazem o controle, a vistoria ou a erradicação da planta doente conforme determina a legislação. "Esses produtores estão sendo notificados e autuados. A multa pode chegar a R$ 5 mil por infração."
No fim de 2012, durante uma inspeção na região de Nova Esperança, no Noroeste do Paraná, a Adapar encontrou uma propriedade com índice de infestação superior a 30%. Neste caso, além da notificação e multa, o produtor foi obrigado a eliminar todos os pomares da propriedade. "Esse índice é considerado muito alto. Por isso, o produtor é obrigado a eliminar todas as plantas da propriedade para evitar a contaminação em propriedades vizinhas", explica o coordenador de Sanidade da Citricultura da Adapar.
Produtor defende medidas mais duras no combate à doença
Apesar de reconhecer o trabalho dos órgãos competentes, o produtor Ricardo Pasquali defende que a fiscalização e a aplicação das multas deveriam ser mais rigorosas. "Acho que quem não entende a importância do manejo correto só vai mudar de atitude quando a multa pesar mais no bolso."
Pasquali afirma que embora o índice de infestação ser considerado baixo em sua propriedade 0,7% - ele chegou a cogitar o corte no número de trabalhadores que atualmente é de quatro funcionários diretos e 20 indiretos no período da colheita. "Se a infestação da doença se agravar como o governo está prevendo, ano que vem, fatalmente teremos que reduzir o número de funcionários. O prejuízo não nos dá outra opção."