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Entrevista - Ercílio Santinoni

“Enquanto a grande empresa gera tributos, a micro gera empregos”

Santinoni: micro e pequenas empresas adquire cada vez mais importância na economia do país | Divulgação
Santinoni: micro e pequenas empresas adquire cada vez mais importância na economia do país (Foto: Divulgação)
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Maringá sedia desde sexta-feira (24) a oitava edição do Encontro Nacional de Líderes de Micro e Pequenas Empresas e o 21º Encontro das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais do Paraná. Um dos responsáveis por estes eventos é o diretor da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ercílio Santinoni.

Nascido em Marialva e morador de Maringá desde 1959, Santinoni, 65 anos, passou a se envolver com o empreendedorismo em 1983, quando participou da fundação da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Maringá e Região (Micromar). Desde então, presidiu uma série de entidades ligadas a área.

Em entrevista para a Gazeta Maringá, Santinoni informou que o setor tem adquirido cada vez mais importância para economia do país, principalmente na geração de empregos. No entanto, ele reconhece que os pequenos empresários ainda sentem várias dificuldades e que muitos deles precisam ser capacitados.

"Necessitamos levar as informações aos empresários, convencê-los a se associarem às entidades de representação e mostrar a necessidade de reciclagem de seus conhecimentos. Quanto mais associados tivermos, mais condições teremos para oferecer novas ferramentas, como capacitações em gestão. Queremos estimular essa consciência", explicou o presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais (Conampe).

Gazeta Maringá - Como o senhor analisa o atual papel das micro e pequenas empresas na economia brasileira?

Ercílio Santinoni - A micro e pequena empresa tem como papel preponderante a geração de empregos, o que, aliás, tem feito muito bem. Enquanto a grande empresa gera tributos, a micro gera empregos. Ela é o suporte da economia brasileira nas crises econômicas e a maior escola profissionalizante do país.

Quais os ramos mais procurados pelos micro e pequenos empresários?

A maior parte das pequenas empresas ainda está nos setores de confecção, metal mecânica e dos serviços de reparação e manutenção industrial.

Quais são os grandes desafios para formalizar mais empreendedores individuais?

As exigências para conseguirem seus alvarás de funcionamento junto aos órgãos municipais.

Muitos pequenos empresários também reclamam da dificuldade para obter acesso ao crédito. Isso ocorre mesmo?

Hoje em dia temos linhas de crédito e recursos mais do que o suficiente, porém o acesso a estas opções continua sendo um dos maiores problemas para os pequenos negócios. A falta de garantias e de documentos, balanços e tradição junto aos bancos acabam inviabilizando o acesso ao crédito. Pesquisas com associações de micro e pequenas empresas mostram que o maior problema realmente está na falta do uso de ferramentas de gestão por parte dos empresários.

O que tem sido feito para reverter esta situação?

No momento estamos revisando o material para oferecimento de cursos de gestão das MPEs [micro e pequenas empresas], tanto presencial quanto a distância. Os empresários que fizeram cursos e assistiram às palestras disponibilizadas pelas associações têm mais facilidade de obter crédito e se desenvolver.

O senhor acredita que ainda falta profissionalização entre os empresários do setor? Por quê?

Sim. Os empresários têm dificuldade de participar de cursos e palestras em função de trabalharem sozinhos ou com empregados não especializados e sem condição de cuidar da empresa em sua ausência.

A Lei Geral da Micro e Pequena Empresas completa seis anos em 2012. As coisas mudaram muito desde que ela foi sancionada?

A Lei Geral facilitou as discussões entre as entidades de representação e os órgãos públicos, aumentando o mercado de compras públicas para as MPEs, desburocratizando vários serviços públicos e colocando as MPEs na mídia nacional. Ela foi um grande avanço e já reduziu muito a mortalidade das pequenas empresas.

Segundo a Jucepar, Maringá teve a maior abertura de empresas do interior do Paraná no ano passado. Além disso, a cidade teve redução de estabelecimentos fechados em relação ao ano anterior. Qual é o diferencial de Maringá?

Em Maringá, o associativismo é um pouco mais difundido do que em outras cidades paranaenses. Temos a Acim [Associação Comercial e Empresarial de Maringá] forte e a Micromar [Associação das Micro e Pequenas Empresas de Maringá e Região] com mais de mil associados, além dos sindicatos de indústria e de comércio bastante atuantes e que trabalham muito unidos. A confiança na Prefeitura e nas fortes entidades oferece o suporte necessário para o desenvolvimento.

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