Umes solicitou compartilhamento do imóvel ao MP em julho
A intenção do grupo de estudantes que ocuparam o prédio do MP-MPR é de que o imóvel possa ser usado para reuniões da Umes, assim como aconteceu por várias décadas, quando a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) cedeu o local à entidade. Em 2004, os estudantes deixaram de usar o local e, dois anos depois, foi cedido ao MP, porque os estudantes não tinham renda fixa, deixando de arcar com reformas e com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Segundo o presidente da Umes, Gustavo Andres Barros, um dossiê foi entregue ao MP em julho deste ano, solicitando um acordo de compartilhamento do imóvel. A resposta, no entanto, foi negativa. "Só queremos que a sociedade maringaense lembre-se [com a ocupação] de quando essa casa era frequentada e tinha debates, monitoria e até um restaurante com preços bem baratos", declarou.
Em nota encaminhada para a imprensa, o MP informou que a solicitação da Umes para uso compartilhado do local foi analisada pela instituição. No entanto, de acordo com a Promotoria, existe uma cláusula específica no documento de doação que prevê a devolução do imóvel caso ele seja cedido a terceiros ou dado a outra destinação que não seja a utilização pelo MP. "O Ministério Público já havia esclarecido formalmente a Umes os dispositivos legais que impedem o compartilhamento do espaço", informou o texto.
Para entrar no prédio, por volta das 5 horas de segunda-feira (9), o grupo de estudantes desparafusou a porta da entrada. "Não teria como entrar sem ser dessa forma", disse Barros. Os estudantes prometem ficar no local, acampados, até que um diálogo seja viabilizado com o MP. "Ocupamos de forma pacífica. Queremos uma solução para esse lugar." Atualmente, o local serve de estacionamento para os funcionários do MP.
Há dois dias ocupando um prédio do Ministério Público do Paraná (MP-PR), em Maringá, estudantes da União Maringaense dos Estudantes Secundaristas (Umes) improvisam para manter atividades administrativas e culturais no local. Segundo o vice-presidente da associação, Vinícius Fernandes Pereira, não há instalação de energia elétrica ou telefone no imóvel. Apenas o sistema hidráulico funciona com regularidade. Além disso, não existem móveis no local.
"Estamos como em um acampamento. Tudo o que está aqui, como um aparelho de aquecimento portátil, que usamos para esquentar alimentos, foi trazido pelos próprios estudantes." Segundo ele, os membros da Umes que dormiram no prédio na última noite levaram os próprios colchões, roupas de cama e barracas.
Pereira afirmou que o plano dos estudantes é, em breve, trabalhar pela captação de recursos para a compra de materiais básicos para o funcionamento da sede. "Assim que conseguirmos a posse legal do prédio, vamos correr atrás disso." Para lutar pelo direito ao uso do imóvel, o vice-presidente disse que nesta quarta-feira (11) membros da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) e de associações da região devem vir a Maringá para manifestar apoio aos estudantes maringaenses.
O vice-presidente informou que até o final da semana deverão ocorrer atividades de formação política e culturais - como saraus e exposições de poesia - no local. Até a invasão do prédio localizado na Avenida Cerro Azul, na segunda-feira (9), as atividades organizadas pela União eram realizadas aleatoriamente em salas no Instituto de Educação, no Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), lanchonetes da cidade e até na casa dos próprios estudantes.
Reunião entre MP e Umes ainda não ocorreu
Prevista para ocorrer nesta terça-feira (10), a reunião entre membros da Umes e do Ministério Público não havia ocorrido até o final desta tarde. Na segunda-feira (9), o presidente da Umes, Gustavo Andres Barros, chegou a afirmar que representantes estudantis deveriam se reunir com o MP-PR para discutir ocupação do prédio. Como isso ainda não ocorreu, o vice-presidente da União, Vinícius Fernandes Pereira, afirmou que os estudantes irão trabalhar para que a reunião seja feita até o final desta semana.
O promotor Maurício Kalache não foi localizado pela reportagem até as 16h50 desta terça-feira (10) para informar a data do encontro com os estudantes.