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Faculdades da região Noroeste podem fazer parte de nova universidade estadual

Uma comissão formada por diretores de sete faculdades estaduais e por representantes da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) está elaborando um estudo para a criação da Universidade Estadual do Paraná (UEPR), instituição que congregaria e reorganizaria as chamadas "faculdades isoladas". Entre as participantes do projeto estão duas instituições da região Noroeste do estado: a Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam) e a Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa).

Segundo o presidente da Fundação Araucária, Zeferino Perin, designado para coordenar as atividades do grupo, os trabalhos estão bem adiantados. "Dentro de 15 dias devemos concluir a minuta da UEPR. Será uma universidade com inovações interessantes, preocupada com o desenvolvimento microrregional. Cada campus terá o compromisso de realizar seus trabalhos identificando as demandas e vocações de suas regiões."

Além de Fecilcam e Fafipa, a nova instituição pretende envolver faculdades de Apucarana (Fecea), Curitiba (FAP e Embap), Paranaguá (Fafipar) e União da Vitória (Fafiuv), que passariam a responder a uma reitoria, a ser instalada na capital. De acordo com o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Nildo Lübke, a proposta é bem diferente da antiga Unespar.

Criada em 2001, a universidade com sede em Jacarezinho tinha a intenção de reunir as então 12 faculdades estaduais em uma única instituição. No entanto, as divergências e as diferenças culturais das várias regiões acabaram impedindo que o projeto tivesse seqüência. "A Unespar apenas agregou as faculdades. Já a UEPR terá um modelo de universidade multicampi diferente, porque se pretende dar uma certa autonomia para as faculdades, transformando-as em centros universitários. Pretendemos equacionar e racionalizar as instituições de ensino superior do Paraná", afirmou Lübke.

Pelo projeto, os orçamentos das sete faculdades farão parte da nova instituição, que gerenciará a distribuição de recursos aos campi. Na opinião do diretor da Fecilcam, Antonio Carlos Aleixo, o novo modelo para junção das faculdades permitirá a autonomia institucional e financeira de cada campus. "Sozinhas, as faculdades vão levar muito tempo para se tornar uma universidade. Juntas, sairão fortalecidas".

Ele ainda avalia que, com o novo status, a Fecilcam terá condições de buscar convênios internacionais, criar dois cursos de mestrado dentro de quatro anos, além de aumentar a oferta de cursos de graduação. "Estamos há dois anos aguardando a autorização para o curso de História. Como universidade, não precisaríamos passar por tantos processos burocráticos".

Divergências em Paranavaí

Apesar de bem recebida em várias faculdades, a proposta da Seti tem dividido opiniões em Paranavaí, onde algumas lideranças e associações locais defendem que a Fafipa seja integrada à Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Segundo o diretor do Sindicato Rural do município, Demerval Silvestre, a fusão traria mais cursos e aceleraria o desenvolvimento da região. "A UEM é uma instituição forte, reconhecida e de experiência. Além disso, a fusão contemplará o que determina o artigo 57 da Constituição do Paraná, que prevê incorporação à instituição de Maringá", explicou.

O ruralista acredita que a proposta da UEPR é uma nova roupagem da Unespar. "Trata-se de uma pseudo-universidade, que não é reconhecida pelo MEC. Foi uma aventura que não deu certo".

O grupo de lideranças a favor da fusão com a UEM encomendou uma pesquisa para avaliar a opinião da comunidade. A pergunta formulada foi a seguinte: "Qual dessas universidades você prefere que a Fafipa seja campus universitário, visando melhorar o ensino na região de Paranavaí?". O estudo realizado no dia 17 de junho pelo Instituto DataVox revelou que 74,80% dos entrevistados preferiam a união com a UEM. Já 19,70% optam pela UEPR, enquanto 5,50% não sabem ou não opinaram.

A pesquisa realizada com 608 pessoas foi contestada pelo diretor da Fafipa, Antonio Rodrigues Varela Neto. "A pergunta foi muito mal elaborada. Não precisa ser muito inteligente para saber que a maioria dos entrevistados desconhece a UEPR, que ainda é um projeto. Agora, garanto que a comunidade acadêmica prefere a opção por uma nova universidade. Fizemos uma reunião da congregação, onde professores , funcionários e estudantes se mostraram 100% a favor do projeto da UEPR. Além disso, temos o apoio do prefeito e dos vereadores", afirmou.

União da Vitória

Discussão semelhante ocorre em União da Vitória. Segundo o diretor da Fafiuv, Valderlei Sanches, a comunidade acadêmica está dividida entre a integração com a UEPR e a possibilidade de incorporação à Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com sede em Guarapuava. "Temos simpatizantes das duas opções. Agora, independentemente do caminho escolhido, espero que ocorra a união".

Ainda segundo o diretor, o principal entrave para a fusão com a Unicentro é a necessidade de o Estado ampliar a infra-estrutura do campus de União da Vitória, além de disponibilizar mais dinheiro para o orçamento da universidade: "O projeto da Unicentro é muito bom, mas, em virtude dos valores, está se tornando inviável para o Estado, que terá que compensar a instituição. Já o projeto da UEPR também traria benefícios, mas a longo prazo. Com a Unicentro, acredito que os resultados seriam imediatos."

Diante do impasse, o governador Orlando Pessuti e o secretário Nildo Lübke criaram, no último dia 24, um grupo de trabalho para estudar a viabilidade da integração da Faviuv com as duas instituições. "A idéia é criar um centro com cursos profissionalizantes que promovam a formação de profissionais de qualidade. Vamos discutir com a sociedade esta ação e, juntos, encontrarmos a melhor solução. Independentemente de qual caminho for seguido, a faculdade de União da Vitória deverá manter a busca pelo desenvolvimento regional", salientou Lübke.

Deputados devem discutir criação até setembro

Após a conclusão dos trabalhos do grupo de estudo, a proposta de estatuto será encaminhada para o governador Orlando Pessuti. Lübke informou que, posteriormente, o projeto de Lei de criação da universidade será encaminhado à Assembleia Legislativa, para que seja analisado pelos deputados. "Teremos o recesso parlamentar em julho. Então, acredito que tudo estará resolvido até agosto ou setembro".

Caso a UEPR saia do papel, a instituição será a sétima universidade estadual do Paraná, que nascerá com cerca de 12 mil estudantes, 702 professores e 62 cursos de graduação. A última instituição do gênero criada foi a Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). Fundada em meados de 2008, ela reuniu cinco faculdades que também faziam parte da Unespar: Faciop (de Cornélio Procópio); FFALM (de Bandeirantes); Fafija, Faefija e Fundinopi (de Jacarezinho).

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