O governo estadual usou sua força na Assembleia Legislativa do Paraná e conseguiu aprovar em um dia o projeto de lei que autoriza o aumento do capital social da Sanepar e permite a venda das ações preferenciais (sem direito a voto) da empresa.
Na terça-feira, o governo conseguiu que o plenário fosse transformado em comissão geral para a sessão de ontem. O expediente regimental permite, desse modo, que as comissões da casa (Finanças, Constituição e Justiça) analisem a matéria no próprio plenário e que o projeto seja votado no mesmo dia, em sessões extraordinárias.
Dessa forma, a base governista antecipou a aprovação de um projeto que poderia levar semanas tramitando no Legislativo.
A proposta permite que o governo emita ações preferenciais e possa vendê-las no mercado. Essas ações também poderão ser dadas pelo governo estadual como garantia em operações de crédito e financiamento. Pressionada pela oposição, a liderança do governo fez uma emenda ao texto original. O parágrafo único do artigo terceiro estabeleceu que "o Estado do Paraná deve deter sempre, no mínimo, sessenta por cento do total das ações ordinárias".
O acréscimo parece ter convencido de forma definitiva a base do governo. Ao longo da semana, deputados próximos ao governo mostraram-se receosos com o projeto. Foi preciso a entrada em cena do governador Beto Richa para convencer a base. Ele almoçou com os deputados para convencê-los dos benefícios que o projeto, caso aprovado, traria ao governo. Diretores da Sanepar também foram escalados para conversar com deputados do PMDB.
No final da tarde, depois de uma votação em três turnos, o projeto foi aprovado por 32 votos a 16 e segue agora para a sanção do governador.
Críticas
Para a oposição, o projeto que permite a venda das ações preferenciais abre caminho para que o estado perca o controle acionário da empresa. "O artigo 111 da Lei 6.404 [que regula o funcionamento das sociedades anônimas, as SAs] determina que as ações sem direto a voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, por três exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos, isto é, se a empresa der prejuízo. Isso pode não ocorrer agora, nessa gestão, mas é uma possibilidade que se abre", disse o deputado Tadeu Veneri (PT), vice-líder da oposição.
Veneri também questionou a destinação dos recursos obtidos pelo Executivo com a venda das ações. Em seu artigo quarto, o projeto derruba a Lei 11.963/97, aprovada durante o governo Lerner, que regulamentava gastos do governo com os dividendos da Sanepar. "Agora, o governo não precisa mais fazer investimento em determinadas áreas e pode fazer pagamento de pessoal e pagar dívidas", disse.
O líder do governo, deputado Ademar Traiano (PSDB), rebateu as críticas. Segundo ele, o projeto traz a determinação de que o controle acionário da empresa cabe ao governo do estado. "Isso está claro na proposta e no acordo de acionistas da empresa." O deputado também afirmou que a proposta aumenta o poder de investimentos na própria Sanepar. "O projeto vai sanear a empresa e permitir que ela busque mais recursos para modernização."
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT