Aparecida de Fátima Zoboli Conti cresceu em uma chácara no local onde atualmente é o bairro Jardim Cruzeiro em Sarandi, no Noroeste do Paraná. O pai, um dos pioneiros da região, trabalhava em uma plantação de café. A mãe, descendente de italianos, morreu quando Aparecida tinha 17 anos. Para cuidar das três irmãs, Aparecida começou logo cedo a trabalhar como doméstica na vizinha Maringá.
"Ia trabalhar na segunda e só voltava no sábado", contou a irmã Ivone Zoboli. Trabalhou para a mesma família a vida inteira, cuidando de várias gerações. As filhas da patroa eram as "princesinhas" de Fátima, como Aparecida era chamada pela família. "Ela trabalhava muito e era uma pessoa alegre", complementou a sobrinha Angélica Zoboli.
Aparecida conheceu o marido, uns cinco anos depois de começar a trabalhar, em um baile em Sarandi. Com o companheiro Carlos Conti teve dois meninos e viveu por mais de 25 anos, sempre na região Noroeste. "Eles eram muito unidos", afirmou Ivone.
Nos finais de semana, ia à igreja evangélica. Vaidosa, sempre usava vestidinhos e não saía sem um pó no rosto. Seu sonho era reformar sua casinha de madeira antiga. Conseguiu arrumar o piso, mas faltaram a pintura e o quintal.
Há cerca de dois anos descobriu que tinha câncer. Foi a vez de as irmãs mais novas retribuírem os cuidados da época da infância. Mesmo no hospital, Fátima não deixava de usar perfumes e cremes.
Deixa viúvo e dois filhos. Dia 28 de novembro, aos 50 anos, de câncer do colo do útero, em Maringá.