| Foto: Arquivo pessoal

Não era preciso anunciar que Michio Taniguchi amava o país em que nasceu. Ele próprio o fazia: trancava-se no quarto, empunhava um microfone e, em volume exagerado, cantava músicas de origem japonesa para a vizinhança inteira ouvir.

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Quando não estava trabalhando nem cantando, divertia-se nos livros de História. Amava ler e conhecer outras culturas - quase sempre as páginas que lia envolviam o Japão. Por conta da dedicação aos estudos, nunca deixou de ter domínio sobre a própria língua nativa.

Aperfeiçoou também, com treinamento incessante, a caligrafia japonesa. Usava um tipo de escrita que até os próprios japoneses têm dificuldade para dominar. Aliás, muitos descendentes orientais que viveram em Maringá pediram para Michio "traduzir" o nome dos filhos para o japonês.

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Nascido no país asiático, Michio veio para o Brasil com 8 anos. Desembarcou no interior de São Paulo e logo passou a trabalhar na colheita de algodão. Em 1951, mudou-se para Maringá, onde fundou o Hotel Ideal – o primeiro da cidade. Por dez anos, comandou o estabelecimento, que o tornou conhecido na região central maringaense.

Ele não gostava de frio – essa era a justificativa para não ter voltado ao Japão, onde o inverno é rigoroso. Escolheu viver em Maringá até o último dia de vida justamente por conta do clima agradável, conforme dizia. As avenidas largas e planas da cidade também o agradavam.

Michio era bastante amigável com todos. Tratava qualquer desconhecido como se fosse o melhor amigo. Tinha o hábito de cumprimentar e abraçar as pessoas que estavam ao redor, mesmo sem intimidade alguma. A memória nunca falhava: mesmo quando o tempo corria demais, ele não esquecia o nome das pessoas nem as histórias delas. Deixa viúva, cinco filhos e três netos.

Dia 14 de abril, aos 87 anos, de infarto.

Para informar falecimento de parente ou amigo, escreva para pautagm@gazetamaringa.com.br. As publicações são gratuitas.

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