O descendente de paraguaios Salvador Xavier Gomes, 84 anos, viveu boa parte da vida em Maringá. Nasceu em Bela Vista (MS) e chegou à Cidade Canção ainda jovem, nos anos 40, para trabalhar na Sociedade Algodoeira Maringá, quando o município ainda estava sendo colonizado pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.
Apaixonado por leitura, o aposentado passava o dia lendo livros, jornais e fazendo poesias. "Ele me ensinou a gostar de ler e de poesia. Quando eu era pequena, passava os dias lendo as produções dele", conta a filha Irma Gomes Joenck, 48 anos. "Foi um pai presente e carinhoso. Ele ensinou muito valores, a sermos bastante unidos, próximos e corretos com as pessoas. Era um grande amigo", lembrou Irma.
Gomes morava na Vila Operária e era conhecido pelo apelido de paraguaio, por conta de sua ascendência. Ele gostava de animais e de brincar com as crianças da vizinhança. "Aonde ele ia, o cachorro ia atrás. Era brincalhão e comprava picolés para o pessoal da rua. Ele chamava a 'piazada' e pagava sorvete para as crianças", disse a filha.
Seu último desejo foi ter uma poesia gravada em seu túmulo. Era um texto que ele escreveu há muito tempo e que declamava nos encontros com a família e amigos: "Pálidas sobras dos amores santo. Passe quando eu morrer no meu jazido. Ajoelha-se ao luar e cante um pouco. E lá na morte sonharei contigo", narrou Irma.
Deixa esposa, sete filhos, 14 netos e quatro bisnetos. Dia 21 de julho, aos 84 anos, de morte natural.