Apesar de ser uma situação cada vez mais frequente em várias famílias, completar um século de vida é sempre algo admirável e especial, ainda mais quando se chega ao centenário de forma lúcida e ativa. Foi assim que dona Stella Storto Nicchio viveu seus últimos anos. Esta paulista de Sertãozinho era uma daquelas pessoas que o tempo pode ter enrugado sua face, mas não o espírito.
Depois de se casar, Stella se mudou para o Paraná, vivendo em Astorga e em um sítio em Pérola dOeste. Filha de italianos, gostava de preservar o costume de suas origens, organizando as reuniões de família ao redor de uma mesa farta. Mesmo com idade avançada, não deixava de dar palpites sobre a comida e fazia questão de recolher a mesa e lavar a louça. Tinha prazer em servir as pessoas e deixá-las satisfeitas.
No ano 2000, se mudou com a família de um de seus filhos para Maringá, onde passava o tempo lendo jornais, costurando tapetes, cuidando das flores que ganhava e fazendo crochê, atividade que ela desempenhava sem utilizar os óculos. Mesmo com dificuldade de locomoção (após fraturar a bacia, em 2009), gostava de ir a missa e ao Centro da cidade com os netos. Também adorava quando algum parente ou amigo a visitava para prazerosas conversas acompanhadas de algumas partidas de caxeta.
Certa vez, um médico perguntou para dona Stella qual era o segredo de sua longevidade. Sem titubear e com a resposta na ponta da língua, ela respondeu: "Esqueça o ontem, viva o hoje e não pense no amanhã". "Se ela tinha uma discussão com alguém, no dia seguinte era como se nada tivesse acontecido. Ela realmente não era uma pessoa que lamentava o passado", conta a neta Ângela.
Deixa sete filhos, 25 netos 38 bisnetos um tataraneto.
Dia 18 de maio, em Maringá, de pneumonia , aos 101 anos.