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O que leva uma mulher de origem humilde, sem muitos estudos ser líder de uma comunidade? O prazer em ajudar o próximo e de se sentir útil estavam entre as motivações de dona Tereza Silvestre, que fazia parte da Pastoral da Criança e ocupava o cargo de presidente da Associação de Moradores do Jardim Sanenge III, em Maringá.
Paulista de Avaré, dona Tereza era aquele tipo de mulher determinada, que não se dava por vencida diante das dificuldades. Aos 17 anos, se mudou para Maringá, onde a irmã morava. Como não tinha o endereço, acreditava que alguém da "pequena" localidade pudesse conhecer a família para quem a irmã trabalhava. No entanto, a cidade se revelou maior do que ela supunha.
"Ela ficou sentada na praça durante quatro dias até que ela viu minha tia passando na rua. Como estava muito fraca a mãe acabou sendo internada na Santa Casa", conta a filha Mara. Na nova cidade se tornou doméstica da família Avinele, onde cuidou dos cinco filhos do casal Antonio Carlos e Ana.
Aos 23 anos se casou com Osvaldo Silvestre e morou na Vila Emília, onde também presidiu a associação dos moradores. Mulher ativa, participava de reuniões para reivindicar melhorias no seu bairro, fazia festas para arrecadar fundos destinados às pessoas mais pobres, distribuía brinquedos para crianças carentes.
Mesmo com mais de 70 anos, ainda trabalhava como diarista duas vezes por semana. "Ela dizia que quem fica parado é gente velha e doente", relembra a filha. Católica fervorosa, não deixava de ir às missas aos domingos e não guardava rancores de ninguém, mesmo de quem a tratava mal. "Se Deus perdoa as pessoas, quem sou eu para não perdoar?", disse certa vez.
Deixa três filhos. Dia 21 de junho, em Maringá, de infarto, aos 73 anos.