Maringá é destaque na contratação de pessoas com deficiência
O aquecimento do mercado também tem favorecido a contratação de pessoas com deficiência. Pela legislação, empresas com mais de cem funcionários devem preencher de 2% a 5% de seu quadro com trabalhadores deste grupo.
"Muitas empresas ainda consideram uma política negativa, mas a cada ano que passa vem crescendo o número de contratados e aumentando o número de empresários que não encaram isso como obrigatoriedade, mas como a oportunidade de contratar funcionários com potencial", afirmou Ana Carmem Dias, responsável pelo setor de empregabilidade de pessoas com deficiência na Agência do Trabalhador.
Entre janeiro e outubro deste ano, foram 139 contratados em Maringá, um dos maiores índices do estado. A expectativa é de que esse número aumente com as demandas de fim de ano e supere a marca do ano passado, quando a Agência do Trabalhador intermediou a efetivação de 169 pessoas com deficiência.
Um dos muitos exemplos de superação foi a de Luana Chaves, de 28 anos. O atrofiamento nos ossos não foi problema para buscar uma vaga no mercado de trabalho. Há seis anos, começou a trabalhar nas Casas Bahia, sendo promovida algumas vezes.
"Sinto que hoje a inclusão está bem maior. Vemos muitas pessoas com dificuldades motoras ou alguma síndrome trabalhando em muitas áreas. A contratação de deficientes não é mais uma questão de rótulo", opinou Luana, que hoje trabalha como caixa.
De acordo com o gerente regional das Casas Bahia, Anderlei Mercúrio, muitos colaboradores com algum tipo de deficiência têm feito carreira na rede de lojas. "Nossas lojas estão focadas não apenas na contratação destes profissionais, mas também na capacitação deles para que assumam um espaço no mercado. Temos espaço para mais", destacou.
Os movimentos não são mais tão ágeis. Às vezes, a memória pode não ajudar. Mas isso não tira o bom humor e a disposição de dona Marina Nagashima. Aos 61 anos, ela foi contratada por um supermercado de Maringá. O caso dela não é único e reflete o bom momento da geração de empregos no Município.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e outubro já foram criados 9.294 postos de trabalho - relação entre o número de contratados e demitidos - em Maringá, um crescimento de 9,7% em relação ao ano anterior. Diante da alta demanda das empresas por contratações, idosos e pessoas com deficiência têm sido mais requisitados, ganhando espaço no mercado de trabalho.
Dona Marina estava sem emprego formal há 30 anos para cuidar da família. "Os filhos cresceram, fiquei viúva e sozinha. Com o trabalho, voltei a viver. Estar em contato com os clientes e colegas me deixou mentalmente mais sadia" conta ela, que há oito meses atua como operadora de caixa no Assaí.
Esta ocupação tem figurado constantemente na lista de vagas mais ofertadas em Maringá. Segundo o chefe da Agência do Trabalhador, Maurílio Mangolin, o cenário foi influenciado pela abertura de vários supermercados e hipermercados na cidade desde o fim do ano passado. Além do Assaí, foram instaladas lojas das redes Angeloni, Muffato e Condor. Ele também citou a dificuldade em reter jovens, mais sujeitos a mudanças. "Existe uma grande rotatividade nessa área. Muitos não gostam de trabalhar até tarde da noite", ressaltou.
Assim como Marina, quem também aproveitou a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho foi Laura Ito, de 59 anos. Carinhosamente apelidada de Laura "san", acha que os trabalhadores com faixa etária mais alta também têm suas qualidades e diferenciais, como a experiência de vida. "Quando se está lidando com o público, tem que saber se colocar no lugar da pessoa que você está atendendo. Dar um sorriso e desejar um bom dia também faz a diferença na hora de atender."
Um dos mais experientes da turma é o seu José Ari Andrade, de 67 anos. Há poucos meses, ele trabalhava com uma motocicleta fazendo entregas. A preocupação da família o fez deixar o antigo emprego. Mesmo assim, Andrade não quis saber de ficar parado e hoje faz de tudo um pouco no supermercado. "Agora tá do jeito que eles [a esposa e os filhos] querem, sem o perigo do trânsito", brincou.
Engajamento
No Paraná, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o número de trabalhadores - com carteira assinada - entre 50 e 64 anos passou de 386,3 mil em 2011 para 415 mil no ano passado, um aumento de 7,31%. Já na faixa etária dos 65 anos ou mais, o estoque de empregos formais teve um crescimento ainda maior, alcançando 22,7 mil trabalhadores, 7,5% a mais do que em 2011.
Além da escassez de mão de obra, muitas empresas têm considerado o maior engajamento dos mais velhos no trabalho como fator que influencia na busca destes profissionais. "Estamos focados na seleção de pessoas dispostas a aprender e trabalhar com o público, e isso inclui, além dos idosos, os profissionais com deficiência. Temos experiências ótimas com estes colaboradores em nossas lojas", destaca José Clóvis, gerente da regional Paraná do Assaí.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano