Criadora da página no Facebook mal sabe mexer no computador
Uma auxiliar de serviços gerais do interior de São Paulo é a responsável pela criação da página "Ajuda ao leão Ariel", no Facebook, que rendeu ao caso enorme repercussão na internet. Valéria Sobrano, de 31 anos, que mora em Itápolis (a 350 quilômetros de São Paulo), não tem muitas habilidades com o computador, mas quando soube da história do leão pela tevê, resolveu ajudar.
"Pedi ajuda para alguns familiares para fazer a página contando a história do Ariel e dizendo que ele precisava de ajuda. Como não tinha dinheiro, decidi pedir na internet", revela.
Valéria mora com a avó, dois cachorros, um gato e um papagaio. Ela conta que não imaginava que a página na rede social se tornaria tão importante para o tratamento do leão. "Sou apaixonada por animais e fico emocionada quando a Raquel me conta que o Ariel está conseguindo ajuda de pessoas de todo o mundo por causa da minha página. Justo eu, que mal sei ligar o computador."
Internautas de todo o Brasil estão empenhados em ajudar o leão tetraplégico Ariel, que vive em Maringá. Nascido em cativeiro, o animal, de 3 anos, sofre de paralisia nas quatro patas. A origem da doença ainda não foi diagnosticada pelos veterinários. Na rede social Facebook, uma corrente de solidariedade está sendo mobilizada em prol do animal.
"Uma fã do Ariel, que nem o conhece pessoalmente, fez uma página na internet que está nos ajudando muito. As pessoas enviam produtos de higiene e dinheiro. Cerca de 90% dos custos que temos com o tratamento são pagos com o dinheiro que as pessoas nos enviam", conta Raquel Borges, proprietária do leão.
A página virtual "Ajuda ao Leão Ariel" tem perto de 8,6 mil seguidores, que arrecadam fundos para custear as despesas no tratamento. Por causa da repercussão, três médicas israelenses especialistas em leões vieram ao Brasil examinar o animal para tentar diagnosticar o problema. As despesas da viagem foram pagas pela modelo paranaense Graziela Barrette, que mora em Nova York, e por uma empresa de suco.
Segundo Raquel Borges, os gastos com Ariel passam de R$ 600 ao dia. Ele consome dez quilos de carne diariamente, 30 fraldas e 15 tipos de medicamentos de uso contínuo. "Um leão tão dócil, carinhoso, que parece uma criança, passar por todo esse problema. Vamos lutar até o fim porque Ariel é como se fosse meu filho", desabafa.
Queda
Ariel se machucou em julho de 2010, durante uma brincadeira no canil onde mora, em Maringá. Segundo Raquel Borges, ele pulou, caiu e feriu a espinha, perdendo o movimento das patas traseiras. Para piorar, os músculos das patas dianteiras começaram a atrofiar e o leão agora passa o tempo todo deitado e depende dos donos para se locomover. No entanto, uma cirurgia constatou que a coluna do animal estava intacta.
"Estamos confiantes que as médicas conseguirão diagnosticar o problema dele. É um caso inédito no Brasil e talvez no mundo. Temos muita esperança que ele volte a andar", diz a veterinária Lívia Pereira Teixeira, que hospedou o leão em sua casa, em São Paulo. Ariel ficará na capital paulista esta semana para fazer exames com a equipe israelense. Os resultados devem sair em 30 dias.
Casal cria felinos dentro de casa
Raquel Borges e seu marido, Ary Marcos Borges da Silva, não têm apenas o leão Ariel na casa onde moram, em Maringá. Em um canil especializado no treinamento de cães policiais, o casal convive com onze tigres - todos dóceis. "Eles andam dentro de casa, deitam na cama, no sofá e dou mamadeira para os filhotes no meu colo", conta Raquel. Segundo ela, a criação é autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Os primeiros felinos foram doados por circos e fazendas há três anos. Um deles é a mãe de Ariel, que o rejeitou logo que nasceu. Alguns dos animais adultos foram maltratados antes de chegar ao canil, onde agora estão bem cuidados. "No início fomos criticados pelas ONGs, mas depois que nos conheceram começaram a apoiar e até mesmo ajudar", diz Raquel.
A alimentação dos animais se resume a muita carne. Eles chegam a comer sete quilos por dia (equivalente a R$ 50 em gastos). A família recebe doações e alguns animais são utilizados em publicidade.
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