A região Noroeste, que tem Maringá como polo, está muito bem servida de profissionais qualificados para atuarem na área de biocombustíveis e a ampliação da Usina de Marialva vem contribuir para absorção local dessa mão-de-obra. As chamadas "novas engenharias" serão as mais beneficiadas, como explicou o professor José Gilberto Catunda Sales, do departamento de agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduações como engenharia química, ambiental e também a própria agronomia são cursos de referência nas universidades da região. A UEM conta, inclusive, com um mestrado em engenharia química.
Segundo Sales, o impacto é imediatamente positivo. "É uma alternativa baseada na pequena propriedade, e vai gerar uma renda extra para os agricultores. Em outras regiões como no Nordeste (que já passaram pela experiência), a produção agrícola pode até não ser suficiente para tornar mais ágil o refino durante todo o ano, mas isso não deve ocorrer aqui", explicou, visto que a base local será a soja.
A presença da estatal na região e os investimentos maciços no setor do biodiesel, contudo, trazem à tona uma discussão que é global e preocupante. "A soja é uma base alimentar. Não dá para transformar alimento em diesel de caminhão", disse o professor, que espera que o assunto deve agora ser debatido. Sales entende a iniciativa da Petrobras como uma "promoção de programas de diversificação energética", mas defende que os biocombustíveis ainda não são a melhor saída. "Alguns países não tem confiança, pois a matriz produtora é muito oscilante. Se a demanda aumentar vai faltar biodiesel", explicou.
"Refém" da uva
Já a Prefeitura de Marialva encara o empreendimento como oportunidade de diversificar a base da economia da cidade, que atualmente está centrada numa cultura afetada diretamente pelas condições climáticas. "Hoje o cultivo da uva é responsável por 70% do nosso PIB. Agora seremos conhecidos como a capital da uva e do biodiesel", disse o prefeito Edgar Silvestre Deca (PSB).