| Foto: Arquivo da família

Enquanto os vizinhos tentavam dormir, um som alto escapulia pelas frestas das janelas do Colégio Gastão Vidigal, na Zona 7, em Maringá. A estridência de pratos, repiques e cornetas provocavaxingamentos e revolta no bairro, já que os instrumentos eram tocados de madrugada. A culpa era de João Roberto Zingra, o instrutor, que convocava a fanfarra escolar para os ensaios noturnos.

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O barulho fora de hora incomodava durante a noite, mas era rapidamente esquecido quando o sol dava as caras. Os mesmos moradores reclamões se rendiam e, como se esquecessem do sono perdido, aplaudiam a companhia quando a viam desfilar pelas ruas maringaenses.

Zingra também fora aluno do Gastão e, por ter tocado em várias outras fanfarras, tornou-se o instrutor. Em 12 anos à frente da corporação, ele a conduziu por apresentações em várias partes do estado e conquistou dezenas de troféus para a galeria do colégio.

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Por conta da dedicação à música, o homem deixou os estudos de lado por um tempo, mas não se acomodou. Somente após os 30 anos é que ele completou o ensino superior – tornou-se licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Porém, nunca deu aulas na área.

Aos 68 anos, no ano passado, ele havia voltado a estudar na mesma universidade em que se formou. Queria, desta vez, tornar-se bacharel em Geografia.

Zingra também se destacou pelos anos dedicados ao sindicalismo. Por mais de 30 anos, ele foi tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Maringá. Ao lado de Epifânio Magalhães de Oliveira,amigo em todos esses anos e atual presidente, lutou para que o sindicato tivesse uma sede própria eestruturada, como existe hoje.

Natural de Guaranésia, em Minas Gerais, Zingra dizia-se filho do Paraná, já que mudou-se para o estado com apenas um ano. Em Maringá desde os nove, também participou ativamente da União Maringaensedos Estudantes Secundaristas (UMES) e foi candidato a vereador do Município pelo extinto partidoArena. Deixa três filhos e dois netos.

Dia 22 de junho, aos 68, de infarto.

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