Mais de 55 famílias de sem-terra foram retiradas de dois acampamentos da região noroeste do Paraná, nesta quarta (16) e quinta-feira (17). De acordo com o advogado do Movimento Sem-Terra (MST) Humberto Boaventura, policiais militares cumpriram ordens judiciais de reintegração de posse em Guairaçá e em São João do Caiuá, ambas a cerca de 100 quilômetros de Maringá.
O problema, segundo o advogado, é que o mandado está sendo executado antes de o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) definir um novo destino para os sem-terra.
A maior parte das famílias, 46 ao todo, teve de deixar o acampamento 8 de março, na Fazenda conhecida como Leão de Judá, em Guairaçá, na quarta-feira (16).
Cerca de 250 sem-terra moravam no acampamento desde 2007. Todos os sem-terra tiveram de ser levados para um assentamento em Terra Rica, onde já viviam 40 famílias.
São João do Caiuá
Por volta das 7h desta quinta-feira (17), iniciou-se a ação policial no acampamento da Fazendo São Vicente, em São João do Caiuá, onde dez famílias viviam desde 1998. "A reintegração deverá terminar no início da tarde desta quinta-feira [17], mas não sabemos, ainda, para onde as cerca de 40 pessoas serão abrigadas", diz.
Segundo o advogado, o Incra já tinha manifestado interesse em procurar um novo lugar para as dez famílias, mas nenhum prazo tinha sido acordado.
Segundo o comando do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Paranavaí, os integrantes do movimento acataram a ordem pacificamente, informando que deixariam o local e teriam como destino seus locais de origem e municípios vizinhos. Alguns optaram por permanecerem no assentamento Taperivá, que fica nas proximidades da fazenda reintegrada.
A operação contou com a participação de 175 policiais, da Companhia de Choque, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Ambiental e Corpo de Bombeiros, de vários municípios. o comando ressalta que não houve violência física contra os sem-terra e que muitos policiais não estavam armados.
No local, estiveram presentes, representantes do INCRA, Conselho Tutelar, credores da fazenda, o administrador da fazenda e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São João do Caiuá.