Pelo menos 8 mil maringaenses, a maioria jovens estudantes, saíram às ruas na tarde de terça-feira (18) em apoio às mobilizações realizadas pelo país. Os manifestantes também aproveitaram para reivindicar melhorias para problemas específicos da cidade. O grupo se reuniu em frente ao Terminal Urbano, no centro da cidade, e seguiu pelas avenidas Herval, Brasil, Paraná, Tiradentes, Praça da Catedral, Centro de Convivência Comunitário Deputado Renato Celidônio, Prefeitura, Câmara, e avenidas Duque de Caxias, Colombo e São Paulo. Policiais militares e da tropa de Choque acompanharam de longe o início da movimentação, assim como agentes da Secretaria de Trânsito e Segurança (Setrans). Até às 21 horas, nenhum conflito havia sido registrado.
O manifesto foi dividido em dois grupos logo no início, pois a maioria dos manifestantes não concordava com a utilização de bandeiras e camisetas do partido PSTU por parte da organização do evento, que foi vaiada. Diante do impasse, um grupo de jovens tomou a frente da passeata e pediu, insistentemente, prudência dos manifestantes sob o coro "sem violência".
Durante a manifestação, parte do grupo chegou a ocupar pacificamente a Câmara Municipal de Maringá (CMM). Eles falaram em plenário e deixaram a Casa rapidamente. Segundo o presidente da CMM, Ulisses Maia (PP), apesar do volume de manifestantes no plenário, a situação foi controlada sem nenhuma dificuldade. "Foi tranquilo, foi pacífico e absolutamente ordeiro", comentou.
Por volta das 19 horas, uma janela do prédio do Executivo foi quebrada por um grupo pequeno de manifestantes, que chegou a entrar no local, mas foi vaiado e deixou o prédio em seguida. Por volta das 19h50, o grupo chegou à Avenida Colombo e parou o trânsito. Às 20h30, muitos manifestantes sentaram no cruzamento entre as avenidas Colombo e Morangueira, interrompendo completamente o fluxo de veículos no local por cerca de uma hora. Em seguida, o grupo seguiu para a Avenida São Paulo.
"O povo unido jamais será vencido"
Entre os gritos de protesto, "vem pra rua" e "o povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos ou Brasil", além de xingamentos ao prefeito Carlos Roberto Pupin (PP) e à família Barros, dos ex-prefeitos Silvio Barros (PP) e Ricardo Barros (PP). Nos cartazes, manifestações diversas: "Colocaram mentos na geração Coca-Cola", "O povo unido jamais será vencido", "Zona 7 mais segura" e "Contorno Norte em obras ainda?".
O estudante Alexandre Henrique, de 22 anos, disse que precisa ficar claro para todos que a manifestação não é apenas contra o aumento da tarifa de ônibus. "Maringá vive há muito tempo dominada pela corrupção. Todo mundo sempre soube, mas nunca teve coragem de sair para as ruas", ressaltou. Henrique destacou ainda, com relação ao transporte coletivo, que o serviço na cidade é muito ruim. "Qualquer horário é uma lata de sardinha. A diferença entre um ônibus e uma cela de cadeia é que o ônibus anda."
O músico Maikon DSartoro, de 22 anos,foi um dos jovens que se colocou à frente da passeata para organizar o trajeto que era definido a cada esquina. Sartoro defendeu que era preciso deixar claro que o manifesto é apartidário, não tem bandeira. "Temos que chamar a atenção para os serviços públicos de má qualidade e não deixar que partidos sejam oportunistas e se apoderem desse movimento que é do povo."
O cantor Paulo Ribeiro do Nascimento participou do ato e disse que uma minoria de manifestantes era responsável pelo "exagero" na manifestação. "A maioria está gritando, protestando. Quando o pessoal ouve que algo está acontecendo de vandalismo, logo começam a gritar para não ter esse tipo de depredação", disse. No protesto, jornalistas da RPC TV, filiada à Rede Globo em Maringá, foram hostilizados durante a gravação de uma reportagem.
Passeata
Inicialmente, a passeata organizada pela internet tinha o objetivo de percorrer as principais vias do centro da cidade, como as avenidas Duque de Caxias, XV de Novembro e Herval. Mas, por volta das 17h50, os manifestantes de dividiram em dois grupos: de um lado alguns organizadores do evento e pessoas com camisas do PSTU, que seguiram em direção à Avenida Duque de Caxias; e de outro, 80% dos participantes, que seguiram para a Praça da Catedral, com o objetivo de chegar em frente ao prédio da Prefeitura de Maringá.
A separação do grupo ocorreu após uma discussão por conta da presença de bandeiras e camisas de partidos políticos. Isso gerou revolta de parte dos manifestantes. Em coro, alguns pediram que o manifesto ocorresse sem bandeiras ou partidos. Por volta das 18h15, algumas pessoas discutiram com policiais que tentavam impedir a mudança de trajeto. Fiscais da Secretaria de Trânsito e Transportes (Setrans) orientaram os manifestantes a utilizarem apenas um lado da pista da Avenida Neo Alves Martins.
O acompanhamento tímido da polícia ocorreu até os protestos em frente à Prefeitura Municipal. Após este ponto, a Polícia Militar e os agentes de trânsito da Setrans deixaram de acompanhar os manifestantes. Por isso, eles próprios organizaram o trânsito pedindo a compreensão dos motoristas que respondiam com buzinas de apoio ao movimento.
Protestos em outras cidades
A primeira ação de protesto na região ocorreu na noite de segunda-feira (17), em Paiçandu, na Região Metropolitana de Maringá (RMM) e na terça-feira (18) em Cianorte, no Noroeste do Paraná. Outra manifestação está programada para sábado (22), em Campo Mourão, na região Centro-Oeste. A página oficial do evento no Facebook já conta com mais de 1,5 mil confirmações.
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