A cada dois meses, dona Nair Haj se dirige até um posto de saúde de Maringá para retirar medicamentos e receber atendimentos médicos. Idosa, ela conta com ajuda da colega Ivonete Alves, que a acompanha nos deslocamentos, e do sistema implantado ano passado pela Secretaria Municipal de Saúde, que faz um acompanhamento individualizado do uso de remédios.
Pelo programa, assim que ela recebe os medicamentos é feito um cálculo revelando quando o produto irá acabar e informando a data de retorno à unidade de saúde. "Tem muita gente que esquece de buscar os medicamentos ou não toma direito. Portanto, essa ajuda é muito importante", confirma dona Nair.
O sistema maringaense agradou o Ministério da Saúde, que escolheu a cidade para ser a primeira do Paraná a contar com o Hórus, nome dado ao Sistema Nacional da Assistência Farmacêutica, que será implementado como projeto-piloto em 16 municípios brasileiros, permitindo o controle da distribuição e do estoque em tempo real, entre outros benefícios.
Segundo o secretário da Saúde de Maringá, Antonio Carlos Nardi, o projeto tem o objetivo de universalizar o fornecimento de medicamentos para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). "Com a implantação do Hórus, poderemos fazer um acompanhamento mais adequado dos tratamentos prescritos aos pacientes; promover o uso racional de medicamentos, além de reduzir os custos, fazendo bom uso dos recursos públicos", destaca.
De acordo com a coordenadora de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde de Maringá, Pollyana Gisele Peres Peres, o sistema deve ser implantado até março do ano que vem. Para isso, profissionais maringaenses vão passar por treinamentos em janeiro e fevereiro.
"De uma maneira geral, o Hórus permitirá a melhoria da qualidade da gestão da saúde, do gasto e da segurança dos pacientes, pois eles tomarão os medicamentos na dose e nas datas corretas. Com a experiência no nosso sistema próprio e com a entrada do Hórus, Maringá será uma referência e que multiplicará esse modelo para outras cidades", afirma a farmacêutica. A intenção do Ministério da Saúde é tornar o programa acessível para todos os municípios brasileiros a partir de abril de 2010.
Sistema
O programa já está em funcionamento desde novembro deste ano no Recife (PE), onde foi criado sob orientação do Ministério da Saúde. O nome vem da expressão "Olho de Hórus", símbolo egípcio que significa saúde e felicidade.
O sistema funcionará integrado ao Cartão Nacional de Saúde e ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos da área, o que permitirá controlar a regularidade em que os medicamentos são fornecidos e saber se o paciente foi buscá-los na data marcada.
Para o representante do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior, futuramente, poderá haver um planejamento para que as equipes de saúde da família façam a busca ativa das pessoas que não continuaram o tratamento. "Esperamos a massificação do seu uso para podermos, mais para frente, avaliar o desempenho e o impacto dos novos investimentos em saúde", destaca em comunicado repassado pelo ministério.
Além de Recife e Maringá, o projeto-piloto será realizado em municípios do Rio Grande do Sul ( Cristal e Pelotas), São Paulo (Jundiaí e Diadema), Ceará (Fortaleza), Mato Grosso do Sul (Nova Andradina), Rio de Janeiro (Areal), Santa Catarina (Aurora), Rondonia (Cerejeira), Pará (Mojú), Amazonas (Borba), Bahia (Vitória da Conquista), Mato Grosso (Juína) e Minas Gerais (São Lourenço).