A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Cianorte, região Noroeste, apreendeu um adolescente de 16 anos, no início da tarde de quarta-feira (26), por transporte de droga. Durante fiscalização, os policiais localizaram 17 quilos de maconha escondidos da bagagem do jovem. A apreensão deve engrossar as estatísticas que já mostram 29 ocorrências do tipo, no Paraná, nos quatro primeiros meses de 2010, em rodovias estaduais e federais. De acordo com o inspetor Ricardo Schneider, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os agentes perceberam esse tipo de movimento criminoso e, por isso, as abordagens têm sido frequentes.
Segundo a legislação, qualquer adolescente com 12 anos ou mais pode viajar sozinho, desde que apresente documento no momento de comprar a passagem. Isso facilita que os mesmos sejam aliciados por traficantes que entendem que, no caso de captura, as penalidades para as chamadas "mulas" serão menores. "Seja arma, droga, munição, remédio. Como a lei não penaliza com rigor o menor, pois existe uma legislação diferenciada, eles acabam sendo aliciados para levar os produtos ilícitos", disse Schneider.
As abordagens ocorrem sempre em ônibus de linhas intermunicipais ou interestaduais. Os adolescentes envolvidos com o tráfico costumam agir de forma parecida. Em Iporã, também na região Noroeste, no início de maio, os policiais encontraram 27 quilos de maconha sob posse de um garoto de 15 anos. Ele estava num ônibus que ia de Guaíra para Londrina. Para o inspetor Schneider, isso tem facilitado a identificação dos menores que prestam o serviço. "Eles geralmente não conseguem se explicar. Ficam nervosos e inseguros. Numa vistoria mais minuciosa, a droga é encontrada e o adolescente retirado do coletivo", explicou.
Também há uma característica interessante que envolve essas situações. Os jovens geralmente vêm de famílias desestruturadas e os pais não se importam com as ações dos filhos. Diferente de outras atividades criminosas que são relativamente rápidas, quando o adolescente se presta a transportar drogas, ele precisa ficar vários dias fora de casa, explicou o inspetor. "Não é comum de se ver um menor viajando sozinho. Quando você conversa com esses jovens eles acabam revelando um histórico de desestruturação familiar", disse.
As empresas de transporte rodoviário também podem ajudar a combater esse tipo de crime. Os documentos dos passageiros devem sempre ser exigidos, como determina a legislação. As bagagens precisam ser identificadas e a polícia deve ser comunicada quando houver suspeita. "O menor pode viajar desacompanhado, mas se a empresa perceber algo de estranho que chame a atenção no deslocamento, a polícia deve ser comunicada".
Os destinos mais comuns do transporte de drogas são as cidades de Curitiba e São Paulo. A maior parte das apreensões ocorre ainda na região de Foz do Iguaçu, principal porta de entrada de entorpecentes no Paraná. As sanções previstas para adolescentes envolvidos são mínimas. Geralmente eles ficam apenas 45 dias apreendidos em centros de reabilitação e depois voltam ao crime.
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