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Suspeita de febre amarela

Mortes de macacos em Maringá não foram as primeiras no estado em abril

Quem costuma correr ao redor do parque não deve se preocupar, desde que esteja imunizado | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Quem costuma correr ao redor do parque não deve se preocupar, desde que esteja imunizado (Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo)
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Com o fechamento do Parque do Ingá nesta quinta-feira (16), em decorrência da morte de nove macacos com suspeita de febre amarela, as pessoas lotaram os postos de vacinação da cidade em busca de imunização. O aumento na procura pela dose foi de cerca de 50% na 15.ª Regional de Saúde Maringá. A morte do nono animal na cidade foi confirmada na manhã desta quinta. Esta foi a segunda notificação de morte de primatas no estado neste mês, o que coloca em alerta os órgãos de vigilância em saúde no Paraná.

Na última semana, equipes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Secretaria Estadual de Saúde encontraram pelo menos nove corpos de macacos em matas na região de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro do Paraná. Embora os exames de confirmação ainda não tenham saído, é praticamente certo que os primatas tenham morrido em decorrência de febre amarela, visto que a cidade fica a menos de 40 km da divisa com o São Paulo. Em Piraju (SP) a febre amarela já matou sete pessoas. No Sudeste paulista já são nove óbitos.

Tanto em Maringá como em Ribeirão Claro, as secretarias municipais e estadual atuam em três frentes de trabalho contra a doença: a vacinação seletiva de pessoas que porventura não tenham se imunizado durante as campanhas. Casos de febre alta também são tratados de forma especial; monitoramento da infestação dos mosquitos transmissores e observação dos animais. "Não vacinamos os macacos, pois isso pode provocar um desequilíbrio. Em condições naturais não existem animais vacinados", disse a médica Ângela Maron de Mello, responsável pelo controle da febre amarela no Paraná.

A médica é também coordenadora do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cieves), da secretaria estadual, que teve papel importante na detecção rápida do problema e na decisão de fechar o parque de Maringá. O centro foi criado em 2008, mas desde 2007 o grupo monitora a morte de qualquer primata no estado e verifica as causas. De lá para cá foram 96 notificações de cadáveres de macacos e cinco de animais doentes. Dentre esses, o Cieves coletou amostras para análise em 25 casos e comprovou a infecção por febre amarela em três animais. "A taxa de comprovação é baixa porque as amostras devem ser colhidas até seis horas depois da morte do macaco, e estamos esperando o resultado de muitos exames", disse Ângela.

Caso as amostras colhidas nos animais mortos no Parque do Ingá indiquem que a causa não foi febre amarela, a liberação ainda depende da confirmação do motivo. "Outras doenças, que não a febre amarela, podem colocar em risco a vida do homem", disse ela. Atualmente os exames que identificam o vírus da febre amarela nas amostras recolhidas são feitas no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, mas devem passar a ser realizados no Paraná a partir de maio. O Laboratório Central do Estado vai analisar amostras humanas e o Laboratório Marcos Enrietti amostras animais, o que deve agilizar a entrega de resultados, que hoje é de 20 dias em média.

Cuidados em Maringá

Neste primeiro dia de parque fechado em Maringá, a notícia colocou a população em alerta e fez com que os postos de vacinação ficassem lotados. "Quem não está imunizado já deveria ter buscado a vacina, mas quem vir agora vai enfrentar filas", disse Edlene Loureiro Aceti Goes, enfermeira coordenadora de vacinação da 15.º Regional de Saúde, em Maringá. Segunda ela, a última grande campanha de vacinação na cidade foi em 1999 e pessoas que tomaram a dose a partir dessa data não correm nenhum perigo. "A estimativa é de que mais de 95% da população esteja imunizada", disse a enfermeira. Ela lembra que tomar a vacina antes de completar os dez anos da última dose pode causar algum tipo de reação, e que duas doses dentro de um período muito curto pode fazer com que o indivíduo desenvolva febre amarela.

A maior preocupação que levou à interdição do parque ao público foi a visitação de turistas, que morem longe de zonas de mata e que não tenham se vacinado, explicou Mauro Nani, gerente do Parque do Ingá. Com 47 hectares de área de preservação no centro de Maringá, o local recebe em média 3 mil visitantes ao dia nos finais de semana e em torno de 1,5 mil nos demais dias. Já quem costuma correr normalmente na pista externa não precisa ter medo.

O Horto Florestal e o Bosque 2 são outras áreas de preservação em perímetro urbano que abrigam macacos, porém os locais não são abertos para visitação. "Estamos monitorando os animais desses lugares", disse Nani. No Parque do Ingá moram 150 saguis e sete macacos-prego em cativeiro. Já a população somada dos outros espaços fica em torno de 250 a 300 macacos-prego vivendo em liberdade.

Febre amarela

De acordo com a diretora de Vigilância de Saúde de Maringá, Rosângela Treichel, existem dois tipos de febre amarela: a urbana (que foi erradicada do Brasil) e a silvestre (que atinge os macacos). A febre amarela silvestre é transmitida pelos mosquitos Haemagogus ou Sabethes, presente nas matas, e pode chegar aos homens. "A preocupação é quando este mosquito, que atingiu o macaco, infecte também os humanos. Se isso acontecer, a febre amarela urbana pode voltar", explica.

A vacina contra a doença tem validade de 10 anos e não deve ser repetida dentro desse período. "É uma dose muito forte e pode causar complicações de saúde, levando até a morte", avisa Rosângela.

Quem não se vacinou nos últimos 10 anos pode procurar qualquer unidade básica de saúde da cidade. A dose contra febre amarela é gratuita.

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