O protesto do Movimento Sem Terra (MST) em memória ao massacre de Eldorado do Carajás (PA), ocorrido em 1996, interditou pelo menos quatro pontos de rodovias estaduais e federais da região Noroeste do Paraná. Os protestos duraram 21 minutos e foram realizados a partir das 9 horas desta quarta-feira (17).

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A BR-376 foi interditada em três pontos: próximo a Nova Esperança, no trevo de acesso a Iguaraçá e em Loanda. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em cada um dos pontos houve a interdição dos dois sentidos das estradas e havia cerca de 70 manifestantes munidos de cartazes e de faixas para lembrar o massacre que ocorreu há 17 anos.

A PR-317 teve um ponto de bloqueio, próximo a Santo Inácio. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), havia cerca de 40 manifestantes no local.

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Em nenhum dos pontos de protesto houve intervenção policial. De acordo com a polícia, as manifestações foram finalizadas de forma pacífica e não houve registro de qualquer tumulto. Apesar dos pequenos congestionamentos, o trânsito foi normalizado rapidamente em todos os casos, segundo a PRF e a PRE.

Protesto

Em todo o estado, estradas ficaram fechadas por 21 minutos, entre as 9 horas e as 9h21 - número alusivo às 21 mortes ocorridas no confronto entre os sem terra e policiais militares, há 17 anos (o MST inclui na lista dois óbitos que ocorreram nos dias seguintes ao conflito).

Além da interdição de rodovias, os sem terra também fizeram um protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), em Curitiba, para onde levaram 21 cruzes com os nomes dos colegas mortos no massacre. "Queremos mostrar à sociedade a morosidade do Poder Judiciário", diz José Damasceno, membro da coordenação estadual do MST.

Para ele, a Justiça tem tomado decisões "tendenciosas" contra o movimento. "Uma reintegração de posse sai em até 24 horas, mas quando se trata de desapropriação fundiária, os processos se arrastam por anos e anos."

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A coordenação estadual do MST teria uma reunião com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na manhã desta quarta-feira (17) para reivindicar o assentamento de 5,1 mil famílias que estão acampadas no Paraná, em cerca de 60 áreas ocupadas.

Segundo ele, a maioria dos acampados está nas áreas desde o início do governo Lula. "O ritmo de assentamentos desacelerou muito desde então", afirma Damasceno.