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segurança pública

Na contramão das cidades médias, Maringá completa 40 dias sem homicídios

Maringá completa neste sábado (26) a marca de 40 dias sem homicídios.Trata-se, no ano, do maior período sem a ocorrência desse tipo de crime na cidade. Neste semestre foram apenas três casos, estatística que impressiona se comparada aos índices de violência de municípios de porte semelhante - Maringá tem 335 mil habitantes. Em Cascavel (296 mil habitantes), no Oeste, somente no último fim de semana houve dois assassinatos. Ponta Grossa (314 mil habitantes), nos Campos Gerais, já soma nove homicídios no semestre.

De acordo com estatísticas das polícias Civil e Militar, a Cidade Canção teveneste ano 31 homicídios, número idêntico ao registrado no mesmo período do anopassado. Em Cascavel foram 94 mortes e em Ponta Grossa, 36. Issocoloca Maringá como a cidade, entre as três, com a menor taxa de homicídios por100 mil habitantes (9,23), contra 11,4 de Ponta Grossa e 31,72 de Cascavel.

O Mapa da Violência 2008, compilação de índices nacionais de violência elaboradacom apoio do Ministério da Justiça, ratifica essa condição. Considerando-se ascinco maiores cidades do estado, Maringá apresenta a taxa de assassinatos maisbaixa (11,5, por 100 mil habitantes). Na sequência estão Ponta Grossa (17,9),Londrina (35,2), Curitiba (44,7) e Foz do Iguaçu (106,8). Os dados utilizadosno estudo são de 2006.

O maior número de casos neste ano em Maringá se deu no intervalo entre os mesesde março e maio, com 19 mortes - 61% do total. A maioria dos crimes ocorreu nosfinais de semana, como nos dias 23 e 24 de maio, quando dois jovens foram mortosem bares da cidade - uma adolescente em umaboate da região central e um rapaz que estava em um bar. Junho e julho, por outro lado, foram os meses mais pacíficos, com apenas uma morte cada.

O último homicídio na cidade aconteceu em 16 de agosto:um homem de 29 anos recebeu três tiros por ter envenenado um cachorro,no bairro Vila Operária. Em julho a cidade já havia completado 25dias sem essa ocorrência, quandoumandarilho morreu atingido por golpes de lajota.

Explicações

Entre os diferenciais de Maringá está o pioneirismo na discussão da violência. Omunicípio foi o primeiro do país a criar um Conselho Comunitário de Segurança(Conseg), há 27 anos - hoje organismos do gênero estão disseminados por todoo país. Para o diretor-executivo do órgão, Everaldo Belo Moreno, issoestimulou o engajamento da população no enfrentamento do problema. "Debater aviolência é uma cultura enraizada aqui. Há muita cobrança de todos os setorespara que os índices caiam cada vez mais vez. A cidade se envolve e participa,não fica apenas esperando uma ação do poder público."

As reuniões do conselho, que reúne desde representantes de associações demoradores até empresários, são semanais e duram duas horas. O órgão auxilia naformulação das políticas públicas da área e desenvolve projetos autônomos, comooficinas de combate ao uso de drogas entre jovens.

A academia também se envolve. A Universidade Estadual de Maringá (UEM)articula a criação de um núcleo de estudos sobre a violência na regiãoNoroeste, a exemplo do que já ocorre na Universidade Federal do Paraná(UFPR).

Moreno destaca ainda os bons indicadores socioeconômicos do município.Levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro(Firjan)divulgado há um mês mostra que Maringá é a 2ª é a cidade mais desenvolvida do Paraná, atrás apenas deLondrina. O estudo leva em conta aspectos de emprego e renda, saúde eeducação, fatores que, pondera Morena, inibem o surgimento da violência.

Para a Polícia Militar, o reduzido número de assassinatos se deve a uma divisãono trabalho realizado na cidade: enquanto o setor de inteligência da PM foca ocombate a assaltos e ao uso irregular de armas, o Departamento deInvestigações sobre Narcóticos (Denarc) se volta para o tráfico de drogas."Temos ainda a Força Samurai e Força Alfa, que realizaram operações recentes nacidade", diz o tenente Alexandro Marcolino, da comunicação social da PM.

Apesar desse olhar positivo de autoridades e da comunidade, alguns especialistassão céticos. A coordenadora do Observatório das Metrópoles, órgão queestuda problemas urbanos, Ana Lúcia Rodrigues, afirma que Maringá só temíndices reduzidos porque joga o problema para cidades vizinhas, como Sarandi ePaiçandu. Clique aqui e leia a análisecompleta.

Colaboraram Luiz Carlos da Cruz, correspondente da Gazeta do Povo emCascavel, e Katia Brembatti, correspondente da Gazeta do Povo em PontaGrossa.

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