Nesta terça-feira (15), comemora-se o Dia do Professor. Profissão marcada por inúmeros desafios e pela incumbência de possibilitar às crianças, aos jovens, aos adultos e aos idosos a conquista dos próprios sonhos, além de buscar, constantemente, uma sociedade cada vez mais humana.
Os medos e as expectativas fazem parte do início da carreira e as alegrias que ficam na memória refletem os anos de experiência. Cada professor, certamente, tem uma história para rir, para se emocionar e para dividir. Confira algumas, contadas à Gazeta Maringá, por professores dos ensinos fundamental, médio e superior, na manhã desta terça-feira (15).
Um talento especial
"Fui professora de Artes na Apae [Associação de Pais e Amigos Excepcionais] por 33 anos. Uma história que guardo com muito carinho é a de um aluno com Síndrome de Down. Ele era muito triste, tinha a auto estima muito abalada. Certa vez, fizemos uma exposição em um shopping de Maringá com pinturas inspiradas em Cândido Portinari. Ele se revelou um excelente pintor e, a cada elogio que recebia, se abria para o mundo. Com o passar do tempo, percebi que ele mudou, que passou a sentir admiração pelas coisas que ele mesmo fazia, e isso me deixou extremamente orgulhosa e feliz porque sei que fiz parte dessa descoberta de sentimentos e de realizações."
Ângela Maria Teixeira Salvatico, 60 anos, professora aposentada da Apae
Coração apertado
"Tenho muitas histórias bonitas. É muito bom quando você vê o aluno sair da escola e realizar o próprio sonho. Mas meu coração está apertado. Na semana passada perdi um aluno muito especial. Ele sofreu um acidente de moto e não resistiu. Fui professora dele desde a 5ª série e segui até o 3° ano [do ensino médio], após o qual ele se formaria. A morte precoce certamente me marcará por muito tempo. Tínhamos uma relação muita próxima. Ele era um menino carinhoso, de caráter, aquele tipo de pessoa que você se apega sem esforço. Impossível não sofrer com a perda, alunos são nossos filhos e os levamos para toda a vida."
Rosemary Terezinha Arana Gimenes, 48 anos, professora há 20 anos nos ensinos fundamental e médio
10 minutos de aula
"No meu primeiro dia de aula como professor, em 2001, eu fui de Maringá à Assis, no interior de São Paulo, para conhecer minha primeira turma, em um curso de Publicidade e Marketing. Estava tão nervoso que conseguia sentir todos os músculos do meu corpo. A ansiedade era tanta, que entrei na sala de aula e comecei a aplicar o conteúdo. Quando finalizei, olhei para o relógio e só havia passado 10 minutos. Estremeci. Sem ter o que fazer, dispensei a turma. Hoje, relembrando, é algo engraçado, claro, mas aprendi que um bom professor só é revelado com experiência. Muita gente pensa que dar aula é fácil, mas não é. É um exercício diário de aprendizado."
Rodrigo Oliva, 36 anos, professor universitário há 12 anos
20 anos depois, um convite de casamento
"Em 2009, recebi um convite de casamento. Olhei o nome e quase não pude acreditar. Era de um aluno que não via havia 20 anos. Fiquei ansiosa à espera do grande dia. Durante a escola, ele foi parar duas vezes no hospital, uma vez com o braço quebrado, outra vez com meningite. Eu sempre ia visitá-lo, animá-lo. Mas ele se formou e perdemos contato. Quando nos encontramos, no dia do casamento, ele disse que não poderia subir ao altar sem que eu estivesse presente. Me deu um abraço apertado e revelou que fui muito importante na construção do seu caráter. Naquele momento tive a total certeza que escolhi a profissão certa. Me senti realizada, foi, certamente, um dos momentos mais significativos da minha carreira."
Sara Cristina Barreto Maia, 45 anos, professora há 27 anos nos ensinos fundamental e médio
Um sonho possível
"Tive um aluno inesquecível. Em apenas um ano, ele concluiu os ensinos fundamental e médio, por meio do supletivo. Em seguida, passou no vestibular da Universidade Estadual de Maringá [UEM] para o curso de Administração. Mas o que ele queria mesmo era Medicina. Ele nasceu com insuficiência cardíaca e queria poder ajudar as pessoas. Tive a oportunidade de estar presente nessa fase. Não digo que ajudei, porque ele só conseguiu por ter fibra, força de vontade. Mas estive sempre presente, com as mãos estendidas para o que ele precisasse. Aconselhei, ofereci livros, tirei dúvidas. Hoje ele é medico. Foi um guerreiro e eu, um admirador. Essas ações marcam, se tornam inesquecíveis."
Arnaldo Antônio Piloto, 64 anos, professor há 43 anos no ensino médio
Interatividade
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