Paciência, tolerância, espírito de equipe e colaboração. Os valores parecem aqueles que são exigidos dos candidatos a uma vaga de emprego. Em cinco escolas públicas de Maringá, esses conceitos perderam o tom de seriedade, e cerca de duas mil crianças estão aprendendo tais qualidades dentro da sala de aula. O projeto Mente Inovadora foi desenvolvido em Israel, já está implantado em cerca de trinta países e Maringá foi a primeira cidade do Paraná a adotar o método. A ideia é fazer com que os alunos internalizem os conceitos por meio da experiência, já que oralmente é impossível.
A integração entre os alunos é estimulada por meio de jogos e problemas apresentados em apostilas específicas. São 50 minutos de aulas semanais que as crianças aguardam com ansiedade. "É o dia que eles vêm até doentes", disse Graziela Garcia Battiston, gerente de ensino fundamental da secretaria municipal de educação. O projeto é composto por quatro passos, de acordo com a faixa etária dos alunos, subdivididos em módulos que seguem os objetivos gerais de cada aula, como por exemplo, "Unindo Forças", "Analisando Informações", "Tomada de Decisões", "Planejando o Futuro", "Gerenciamento de Recursos", entre outros.
A variedade de material é grande. Já os professores recebem capacitação direta da empresa que trouxe a metodologia para o Brasil, e instalou escritório em Maringá. Segundo a secretária de Educação de Maringá, Márcia Socreppa, o projeto veio no momento oportuno. "Utilizamos o Mente Inovadora para proporcionar às crianças uma educação diferenciada que pode refletir nos próximos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que é calculado com base na taxa de rendimento escolar e no desempenho dos alunos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e na Prova Brasil, disse a secretária.
Na escola Piveni Piassi Moraes, um dos jogos mais disputados entre as crianças de até 10 anos é a "Hora do Rush", onde o tabuleiro é um estacionamento. As crianças recebem pistas e informações para encaixar os carrinhos nos locais adequados. "Precisam usar estratégia e antecipar a jogada do adversário para abrir caminho", explicou a professora Eliane Cristina de Sousa. "Eles precisam se cumprimentar antes e depois das partidas. Aprendem a perder (os jogos) e desenvolvem o controle emocional", continuou. Já a "Mancala" é aplicada para alunos de 6 e 7 anos. O jogo basicamente é feito com trocas de sementes de árvores. "Os alunos vão percebendo que as práticas podem ser utilizadas em outras questões da vida", concluiu Eliane.
O aprendizado ainda continua em casa. Todos os alunos ganham de presente um kit com um dos jogos. A intenção é que eles ensinem as regras para os pais e irmãos. "Eles se empolgam e voltam contando que ganharam dos pais", comenta a professora.
Além da escola Piveni Piassi Moraes, alunos da Midufo Vada, Mariana Viana Dias, Olga Aiub e Benedita Natália Lima já experimentam o método. A implantação em Maringá ocorreu no último bimestre letivo deste ano, para crianças do 1º e 2º ano e 2ª, 3ª e 4ª séries. O atendimento deverá ser ampliado em 2010. Desenvolvido há 15 anos, os resultados já foram comprovados até por universidades renomadas, como Yale, no Estados Unidos, e Northumbria, na Inglaterra.
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