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População carcerária

Número de estrangeiros presos aumenta 6,3% no Brasil

Venezuelano foi detido em Foz por portar malas cheias de roupas engomadas com cocaína | Marcos Labanca/ Gazeta do Povo
Venezuelano foi detido em Foz por portar malas cheias de roupas engomadas com cocaína (Foto: Marcos Labanca/ Gazeta do Povo)

Em um ano, o número de presos estrangeiros no país­­ cres­­ceu 6,3%, saltando de 3.191 em junho de 2011 para­­ 3.392 em junho do ano passa­­do, aumento semelhante ao da­­ população carcerária total, que chegou a 6,9% no mesmo pe­­ríodo. Entre os estados que con­­centram a maior quantida­­de de detentos de outras nacio­­nalidades, o Paraná é o terceiro, com 171 estrangeiros, depois do Mato Grosso do Sul, com 246, e de São Paulo, com 2.245.

Na lista de crimes cometidos, o tráfico internacional de entorpecentes vence disparado. A razão é simples: quase toda a droga consumida no Brasil é produzida fora. A maconha, por exemplo, vem do Paraguai, que também serve como corredor para a cocaína produzida na Colômbia e na Bolívia. Além da proximidade com esses fornecedores, o país serve de rota para a Europa. Pela localização, os estados de fronteira são usados como porta de entrada de toda essa droga.

"O Paraná e o Mato Grosso do Sul são os dois estados onde mais se apreende maconha. Em razão disso, acabam abrigando em suas unidades prisionais uma parcela grande de estrangeiros", explica o delegado Ricardo Cubas César, chefe da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, cidade que reúne mais de 90% desses presos no Paraná. "Fechar a fronteira é impossível. No mundo real, o que podemos fazer é procurar reprimir a ação dessas quadrilhas", completou.

Sem espaço

Superlotada, a carceragem da delegacia da PF, projetada para abrigar 14 presos, estava no início do mês com 65, 20 deles de outros países. Brasileiros, paraguaios, argentinos, espanhóis, venezuelanos, libaneses e norte-americanos dividem o pouco espaço. A língua comum é uma mistura carregada entre o português e o espanhol. Para passar o tempo, há jogo de cartas, futebol improvisado no solário, televisão e livros.

A visita de parentes que moram na região e a oportunidade de falar com a família distante ao menos uma vez por mês pelo telefone também ajudam a amenizar a espera. O espanhol Juan*, 38 anos, preso há dez meses quando tentava embarcar para a Espanha com cocaína líquida, conheceu o filho mais novo, agora com 5 meses, por fotos enviadas por e-mail pela esposa.

José*, dançarino venezuelano de 24 anos, flagrado em novembro com outros dez conterrâneos carregando malas cheias de roupas engomadas com cocaína, emociona-se ao falar da família e do plano que tinha de pedir a namorada, também presa, em casamento. "São muitas as dificuldades estando longe. O que mais quero agora é voltar para casa."

* Nomes fictícios

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