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MARINGÁ

Ofertas de emprego geram acomodação de trabalhadores, aponta pesquisa

A agência do trabalhador oferta de 1,5 mil a 2 mil vagas por mês. Somente no mês passado, foram 1.957 vagas | Fábio Dias
A agência do trabalhador oferta de 1,5 mil a 2 mil vagas por mês. Somente no mês passado, foram 1.957 vagas (Foto: Fábio Dias)

Trabalhadores de Maringá que têm até o segundo grau ou curso técnico não estão muito empenhados em crescer dentro das empresas. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa realizada pelo Centro Universitário de Maringá (Cesumar), com 1.080 pessoas que procuravam emprego na Agência do Trabalhador, em novembro do ano passado. Segundo os dados divulgados na sexta-feira (23), a quantidade numerosa de vagas disponíveis no município faz com que muitos se acomodem. "Constatamos que eles não se preocupam tanto em perder o emprego, pois, se isso acontecer, há muitas outras oportunidades disponíveis, além de benefícios do governo, como o salário-desemprego", explica o coordenador da pesquisa, Freud Oliveira.

A agência do trabalhador oferta de 1,5 mil a 2 mil vagas por mês. Somente no mês passado, foram 1.957 vagas. Destas, a maioria era para o comércio. A pesquisa apontou que a permanência de tantas vagas se deve ao fato de que a rotatividade de funcionários é elevada. Em novembro, 91% dos desempregados não procuravam o primeiro emprego, 46,39% estavam sem trabalhar há um mês no máximo e 13,61% já tinham ido pelo menos dez vezes à agência. A escolaridade, por outro lado, não é tão preocupante como em outros municípios brasileiros. Ao todo, 41,3% dos entrevistados tinham o Ensino Médio completo. "É um nível regular", considera Oliveira. As principais áreas nas quais sobram vagas são: Confecção, metal-mecânica e construção civil.

Os dados mostram também que 98% dos desempregados julgam importante investir na qualificação profissional. Contudo, essa opinião nem sempre se materializa na prática. Para o presidente do Comitê Municipal de Trabalho e da Câmara Técnica de Capacitação do Conselho de Desenvolvimento de Maringá (Codem), Valdir Antonio Scalon, o fato de haver tantas vagas de emprego disponíveis faz com que os trabalhadores abram mão de cursos de capacitação. "Eles agem de forma imediatista, sem pensar que, no futuro, a economia pode sofrer uma recessão, de modo que a quantidade de vagas caia o suficiente para que apenas os mais qualificados tenham empregos garantidos", afirma.

Scalon acrescenta que o governo precisa oferecer mais oportunidades de capacitação. Além disso, é necessário investir em campanhas de conscientização, para que os funcionários pensem na carreira profissional a longo prazo. A equipe de reportagem do JM foi até a Agência do Trabalhador, onde entrevistou cinco pessoas que procuravam por emprego ou que solicitariam o seguro-desemprego. Apenas um deles, Weslley Ribeiro Schiavon, 21 anos, disse ter realizado cursos de capacitação. Ao todo, foram quatro, nos quase dois anos que trabalhou como porteiro de um edifício residencial. "Na semana passada mesmo terminei um de hardware", contou.

No caminho inverso estava Ewerton Rafael Martins, 25 anos. Ele foi à agência para solicitar o seguro-desemprego, depois de ter sido dispensado de um trabalho no qual atuava como designer gráfico há sete meses. Como já teve outros quatro empregos nessa área, confessou que nunca procurou cursos de capacitação, por acreditar ter experiência de sobra. "Apesar disso, acho importante investir nesses cursos para se manter sempre atualizado", disse. Ao lado dele estava a cabeleireira Maria Aparecida de Rocha Meirelles, 49 anos, que estava há mais de dois anos desempregada. "Nos últimos dez anos, nunca fiz um curso de capacitação sequer por falta de dinheiro, mas já vim mais de dez vezes à agência procurar emprego."

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