O cultivo de laranja do Noroeste do Paraná aposta de peso para diversificação da renda esbarra nos preços limitados, mas está diante da oportunidade de ganhar espaço neste mercado, dominado por São Paulo. A juventude das laranjeiras se tornou uma vantagem estratégica para quem enxerga uma reviravolta no longo prazo.
A região é responsável por 72,4% da produção de frutas do Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). E a laranja que chegou há duas décadas para substituir o algodão é o carro-chefe do setor. O Noroeste possui 25,5 mil hectares dedicados à fruta, que rendem 770 mil toneladas ao ano (74% da produção estadual).
As indústrias Citri Agroindustrial, Louis Dreyfus Commodities (com duas plantas na região) e Integrada recebem de 80 a 85% da safra estadual, que chega a 20 milhões de caixas de 40,8 quilos ao ano, e produzem suco concentrado 95% para Estados Unidos e Europa.
Apesar da importância da laranja em sua cesta de frutas, o Paraná ainda é responsável por menos de 5% dos pomares da região que abrange São Paulo e o Triângulo Mineiro. Os paulistas estão reduzindo a produção em 15%, de 428 milhões de caixas (2011/12) para 364 milhões (2012/13), com os preços em queda e os ataques de greening, doença sem cura temida nos laranjais.
Com pomares mais jovens e um rigoroso controle de pragas, o Noroeste pode aproveitar o clima tropical e o solo arenoso para avançar na atividade, que divide espaço com a pecuária e as lavouras de grãos e mandioca. Para isso, terá de suportar preços praticamente "congelados". Segundo o produtor e um dos diretores da indústria Citri, Gilberto Pratinha, os R$ 9 por caixa do último ano correspondem à mesma cotação de 2001. Há expectativa de melhora para a próxima colheita, mas poucos arriscam projeções.
Dono de viveiro de mudas, Pratinha afirma que há cinco anos o Paraná erradica mais do que semeia. No ano passado, por exemplo, foram cortados 357 mil pés e plantados 187 mil. Ele prevê uma reação do preço a partir de 2015. "Quem se mantiver na atividade e investir nos pomares vai ganhar dinheiro em poucos anos." Os produtores precisam se estruturar para não ficarem tão sujeitos ao mercado, aponta o ex-presidente das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) Antonio Comparsi de Mello, que defende a instalação de uma unidade da rede atacadista em Umuarama.