Feche os olhos e imagine que, ao abri-los, estará a sua frente a pessoa que é perfeita para você. Aquela que lhe entende completamente, que não critica demais, não reclama dos seus amigos, que entende suas necessidades e apoia todos os seus projetos. Interessante, não? Mas, e se essa pessoa usasse muito perfume ou pouco desodorante, falasse alto demais, palavrão demais, fosse pão-dura ou desempregada? Quem anda por aí sonhando em tropeçar na alma gêmea tem de estar preparado. Nunca se sabe se ela vai estar de touca no salão retocando as mechas ou agachada, cofrinho à mostra, trocando o pneu do carro.
E se a metade da sua laranja não gostar do seu vestido estampado de zebrinha ou da camiseta respingada de catchup que está usando? A medida que as pessoas se tornam mais exigentes em relação a seus pretendentes, precisam compreender que o que é esperado delas também pode estar mudando. E é aí que a confusão começa. Abrir a porta do carro pode ser uma gentileza dele, mas pode ser desvalorizada se ela não tem paciência para aguardar dentro do carro.
Novos tempos
À primeira vista, as meninas sentadas na mesa do bar já sabem dizer quem não tem a menor chance com elas. Uma não admite implante de cabelo, outra não gosta de homem pão-duro e se for encrenqueiro, é bom passar longe de todas. Enquanto é difícil dizer exatamente o que procuram, é fácil listar tudo o que não gostam em um homem. Falta de educação é motivo de cartão vermelho para a publicitária Ane Souza, 30 anos. Ela diz que foi durante os primeiros encontros que percebeu naquele por quem estava interessada atitudes indesejadas. "Fomos a uma pizzaria e, depois que fizemos o pedido, ele ficou bravo com a demora do atendimento. Ficou de cara emburrada, foi supergrosso com o garçom e, de tão descontrolado, não conseguia nem conversar comigo", conta. A amiga, a psicóloga Fabiana Villamarin, 31 anos, diz que o momento crucial em um primeiro encontro é a hora da conta. "Pelo menos na primeira saída ele tem que pagar, não pode se fazer de besta e ficar parado olhando para nossa cara esperando que a gente se ofereça pra rachar", afirma.
Do outro lado do boteco, a mesa masculina reclama que as mulheres não sabem o que querem deles. "Elas estão fazendo as coisas que a gente fazia com elas antes. Por um lado é legal, mas tem umas sacanagens também", afirma o designer Jéferson Silveira, 33 anos. Felipe Minella, 24, também designer, concorda. "Estava com uma menina e de repente ela falou que ia pegar uma bebida e não voltou mais", conta.
A psicóloga e mestre em Antropologia Bárbara Snizek, diz que é compreensível que homens e mulheres estejam lidando com impasses nos encontros amorosos. "Estamos passando por uma mudança frenética nos costumes e não há um código de regras que guie as pessoas", diz. Segundo ela, as mulheres parecem não saber como demonstrar interesse, se devem partir para a conquista ou esperar até serem escolhidas. Já os homens, se mostram confusos, pois parece que a vida moderna exige que esqueçam tudo o que aprenderam sobre masculinidade. E se as mulheres requisitam homens mais sensíveis, por outro lado ainda querem os mimos de serem o "sexo frágil". Incoerências à parte, homens e mulheres seguem na avaliação criteriosa ora louvando, ora descartando pretendentes nessa batalha para ter alguém e chamar de seu.
O corpo fala
Ser verdadeiro e não deixar que o medo de ser rejeitado leve à invenção de um personagem é o mais importante quando se está conhecendo alguém, de acordo com a consultora de etiqueta e professora do Senac Maria Tereza da Silva (Tete). "Mentira tem mesmo perna curta. Se você não conhece, não diga que conhece; se não leu, não minta que leu. No primeiro encontro, não adianta querer impressionar e escolher um restaurante caríssimo para depois não vai conseguir nem ler o cardápio", alerta.
Se vocês estão se conhecendo, mas você não sabe se está ou não no caminho certo, a psicopedagoga e professora de Expressão Corporal da Faculdade de artes do Paraná (FAP), Gertrudes Koeb da Silva, lembra que observar a postura do outro pode ajudar. "Os sinais corporais dão uma ideia sobre o que a outra pessoa está pensando. Se ela está voltada para você, se rebola, se coloca o polegar no bolso da calça, tudo isso passa a informação de que há a intenção de seduzir", diz.
Gertrudes explica que alguns sinais são passados inconscientemente e ajudam a deduzir qual é o foco de interesse da pessoa naquele momento. "Mas é preciso tomar cuidado ao avaliar porque algumas pessoas escondem o que estão sentindo. Não basta simplesmente olhar para alguém e dizer o que está acontecendo, é importante também se aproximar, conversar, e aí descobrir se vale a pena investir nela", afirma.
Para a psicóloga Daniela Bertoncello de Oliveira, não descartar automaticamente os pretendentes, mas aprender a conviver com o lado bonito e feio do outro, é o grande desafio das relações. "Se as chances são desperdiçadas, fica também protelada a possibilidade de se conseguir", diz. Mesmo que haja a possibilidade do relacionamento não vingar, os grandes paqueradores garantem: dar uma chance para aquele patinho feio pode valer a pena. Paquerar e ser paquerado faz bem para a autoestima, melhora a autoconfiança e reforça no indivíduo o lado social. Nós recomendamos!
Serviço:
Bárbara Snizek (psicóloga), fone (41) 3335-7455 / Daniela Bertoncello de Oliveira (psicóloga), (41) 3253-5913 / Eneida Ludgero (psicóloga), (41) 3336-1220 / Gertrudes Koeb da Silva (psicopedagoda), FAP, fone (41) 3082-9408.
Agradecimentos
Livrarias Curitiba Shopping Estação, (41) 3330 5118 e Jacobina Bar, Rua Almirante Tamandaré, 1.365, (41) 3016-6111.
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