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Mata Atlântica

Parque do Iguaçu tem fauna rica, mas pouco conhecida

Anta com filhote indica a falta de predadores | Divulgação
Anta com filhote indica a falta de predadores (Foto: Divulgação)
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Gambá-de-orelha-preta

Catetos flagrados à noite por câmeras especiais |

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Catetos flagrados à noite por câmeras especiais

Mesmo recebendo a visita de mais de 1 milhão de pessoas por ano, o Parque Nacional do Iguaçu ainda guarda mistérios. Apenas um pequeno pedaço da unidade de conservação (UC) é acessível aos turistas e o restante ainda está disponível para ser desbravado por pesquisadores. Tanto que hoje não é possível assegurar qual a quantidade e a diversidade de espécies animais que habitam os 1850 quilômetros quadrados do parque. As informações até agora confirmadas apontam a existência de 76 espécies de mamíferos, como onças-pintadas, pumas, antas, macacos e tatus. No lado argentino, com características bem semelhantes, já foram encontradas 118 espécies.

Dezenas de câmeras vigiam a movimentação na mata, mas o trabalho até agora feito pelos cientistas não foi capaz de abarcar as dimensões do parque. Identificar a quantidade e o tipo das espécies é essencial para definir a importância da conservação do maior trecho remanescente de Mata Atlântica no Paraná. Se algumas espécies não encontram espaço suficiente e condições adequadas naquele pedaço preservado, ela dificilmente conseguiriam sobreviver em outros locais mais ameaçados.

A bióloga francesa Anne-Sophie Bertrand integra a lista de cientistas que busca identificar a fauna do parque. Depois de pesquisar onças-pardas em parques do Canadá, ela voltou o foco para o Brasil. Quando visitou o parque em 2001, decidiu que precisava se dedicar a pesquisá-lo. "Foi realmente vocacional, uma vontade de ajudar. Senti que era o que deveria fazer", conta. O retorno aconteceu em 2006.

Por muito tempo, percorreu o parque observando pegadas e arranhões e recolhendo vestígios da passagem de animais. Amostras de fezes enviadas para o Museu de História Natural de Nova Iorque – que gratuitamente fez testes de DNA – desvendaram a presença de um morador até então sem registros na região: o gato palheiro. Desde setembro, o monitoramento feito pela bióloga ganhou reforço. Anne-Sophie instalou câmeras fotográficas com sensor de calor e movimento. A partir daí, 68 mil imagens dos moradores nativos do parque foram feitas.

Sem dados históricos científicos suficientes para fazer comparações que permitam mensurar se a fauna está diminuindo ou aumentando, Anne-Sophie se concentra nos registros que ela mesma vem recolhendo. "As imagens mostram a simplificação da composição animal. Há bandos enormes de catetos, por exemplo, o que significa a redução no número de predadores naturais que teoricamente compensam para equilibrar o sistema", conta. O doutorado, que avalia como os mamíferos estão reagindo às mudanças de hábitat, deve ser concluído em 2015.

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