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Presos da Delegacia de Marialva dividem um cubículo de pouco mais de quatro metros quadrados | Divulgação
Presos da Delegacia de Marialva dividem um cubículo de pouco mais de quatro metros quadrados| Foto: Divulgação

O aumento dos casos de gripe A H1N1 no estado e no país fez o Departamento da Polícia Civil do Paraná a adotar medidas preventivas com relação às carceragens das delegacias estaduais, nesta quinta-feira (16). Um documento foi elaborado por uma comissão para orientar as unidades sobre a doença e as providências a serem tomadas. De acordo com delegado-chefe da Divisão Policial do Interior e membro da comissão, Luiz Alberto Cartaxo Moura, o protocolo com as medidas já foi enviado às delegacias. Mesmo com a precariedade do sistema carcerário das unidades do estado, Cartaxo garante que as normas vão ser cumpridas.

De acordo com Moura, um dos objetivos das medidas preventivas é auxiliar as delegacias e instruir de forma mais adequada as delegacias que já tomaram providências em relação à gripe A. "Apesar de não termos constatado de nenhuma suspeita da Influenza nas unidades, nos reunimos com a Secretaria da Saúde para que possamos orientar da maneira mais correta possível todas as delegacias da Polícia Civil do Paraná", afirmou. Segundo Moura, o preso que apresentar suspeita da gripe A, vai passar por uma avaliação médica e deve ficar isolado dos outros detentos. O preso que apresentar os sintomas passará por todos os procedimentos médicos necessários, como avaliação clínica, coleta de material para exame laboratorial e notificação da Secretaria Municipal de Saúde. Caso ele tenha recebido visita dois dias antes do aparecimento dos sintomas, a Secretaria Municipal de Saúde deverá estender as medidas de prevenção aos familiares.

Moura explicou que além de orientações, será feito o reforço das regras gerais de limpeza nas delegacias, como realizar a desinfecção da superfície de trabalho com produtos recomendados, higienização das mãos constantemente, não compartilhar talheres, copos, pratos, toalhas e outros objetos de uso pessoal.

Delegacia de Ivaiporã

Uma das unidades do estado que tomou iniciativa própria para evitar a contaminação da gripe antes da resolução do departamento da Polícia Civil, foi a Delegacia de Ivaiporã, região Central do estado. Com medo da proliferação do vírus influenza, responsável pela transmissão da gripe A, o delegado de Ivaiporã Osnildo Carneiro Lemes, alterou a quantidade de pessoas por visita dos presos. Cada detento passou a receber apenas uma pessoa por semana, não quatro, como antes. Crianças e idosos, mais vulneráveis ao vírus, estão impedidos de frequentar a cadeia.

A decisão foi uma recomendação do secretário de Saúde do município, Jayme Ayres da Silva. Ivaiporã teve quatro casos suspeitos da nova gripe, mas nenhum confirmado. De acordo com o investigador Aparecido Pinto da Silva, além das restrições de visita, todos os visitantes têm de desinfetar as mãos com álcool em gel e lenços umedecidos antes de ter contato com os detentos. "Vamos seguir as recomendações até que seja modificado o quadro alarmante dessa doença", disse o investigador.

A cadeia da cidade tem capacidade para receber 32 presos, mas hoje tem 123 - quase 400% acima da capacidade. Além de Ivaiporã, a cadeia atende a quatro municípios vizinhos (Jardim Alegre, Lidianópolis, Arapuã e Ariranha).

A delegacia de Ivaiporã é só um exemplo da superlotação nas unidades do estado. A reportagem questionou Moura sobre a eficácia dos procedimentos de prevenção, uma vez que as delegacias do estado se encontram superlotadas e com péssimas condições de higiene. Na delegacia de Marialva, a 10 quilômetros de Maringá, a situação é tão crítica que um detento com tuberculose teve de dividir espaço com outros presos por uma semana até conseguir transferência para o complexo médico da penitenciária de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.

O delegado-chefe do interior explicou que os problemas de superlotação vão ter de ser equacionados. "Se houver uma epidemia numa grande unidade, isolamos ela com os presos suspeitos de ter contraído a doença e remanejamos os outros para outras unidades menores. Se ocorrer a suspeita numa unidade menor vamos transferir os presos para outras delegacias. É tudo uma questão de remanejamento", disse.

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