Pesquisa mostra que 75% não procuram a polícia
Pelo menos 3 em cada 4 paranaenses vítimas de crime não registrem boletim de ocorrência (B.O.), segundo recente levantamento do Paraná Pesquisas. De acordo com o levantamento, entre os 1.505 entrevistados em todo Estado, 20% já foram vítimas de furtos e roubos. Deste total, em Curitiba, 76% não registraram o boletim. No interior, segundo o estudo, 81,5% das vítimas não foram até a delegacia registrar o caso. O pouco caso e a falta de respeito são os principais fatores, segundo a pesquisa, que levam os cidadãos a não registrarem boletins de ocorrência (B.O.) quando são vítimas de crime.
Com 11 anos de atraso em relação a São Paulo, o Paraná será o último estado do País a implantar sua delegacia virtual, em setembro. As pessoas vão poder fazer o Boletim de Ocorrência (BO) pela internet, informando furto de veículos, perda ou furto de documentos, desaparecimento de pessoa e furto de celular, sem a necessidade de comparecer a uma delegacia para prestar a queixa. O sistema foi desenvolvido pela Companhia de Informática do Paraná (Celepar) junto com uma equipe da Secretaria de Estado da Segurança Pública. A experiência começará por Curitiba.
Em São Paulo, pioneiro do sistema, a Secretaria de Gestão Pública criou até um site (www.relogiodaeconomia.sp.gov.br) que simula quanto a pessoa economiza ao fazer um boletim pela internet em vez de ir a uma delegacia convencional. Quem leva cinco minutos para preencher o Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO) em banda larga economiza R$ 15,07 caso tivesse de ir de carro à delegacia.
Usando transporte público, a economia sobe para R$ 19,67. Pelo volume de registro acumulado desde 2000, São Paulo já economizou R$ 31 milhões e os cidadãos, R$ 46 milhões. Essa economia se deve às 4.120.710 avaliações feitas entre 2000 e o último dia 15 de agosto, das quais 2.766.506 resultaram em BEO (a maioria, perda e furto de documento).
Modelo
São Paulo foi o primeiro estado a implantar a delegacia virtual, lá chamada de Delegacia Eletrônica, e tem servido de modelo para os demais. Depois que a vítima transmite as informações online, um policial entra em contato, confirma alguns dados e registra o BEO. A central da delegacia eletrônica funciona durante 24 horas, com uma equipe de 98 policiais e uma delegada, equipados com 28 computadores.
Outros estados também têm apresentado bons resultados. No Mato Grosso do Sul, a delegacia virtual alcançou o segundo lugar no ranking de maior número de registros da Polícia Civil, com 60 mil ocorrências registradas desde 2008, contando com cinco policiais no efetivo. Em 2010 foram registradas 17.751 ocorrências, 33% a mais que em 2009.
O boletim gerado pela delegacia virtual tem o mesmo valor jurídico daqueles confeccionados nas delegacias físicas. O BO é o documento que dá início à fase pré-processual de apuração de um crime, possibilitando a instauração do inquérito policial. Ele também fornece dados para as estatísticas do poder público, que poderá desenvolver políticas de segurança.
A Delegacia Eletrônica deu tão certo em São Paulo que três de cada dez furtos de carros ocorridos no estado são registrados via internet. São 4 mil solicitações por dia, ainda que nem todas virem um Boletim Eletrônico de Ocorrência (BEO). Os BEOs ajudaram a reduzir o volume de trabalho nas delegacias físicas e estimularam o cidadão a registrar as ocorrências, evitando as subnotificações que tanto atrapalham as estatísticas sobre criminalidade.
Com menos volume de trabalho, as delegacias físicas puderam melhorar o atendimento e se dedicar aos casos que pedem avaliação mais direta e imediata dos policiais. "Sobram policiais para a investigação", avalia a coordenadora da Delegacia Eletrônica, a delegada Adriana Liporoni.
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Interatividade
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