Depois de registrar, em 2011, o primeiro recuo em uma década, a produção brasileira de cana-de-açúcar voltou a crescer no último ano e vai ultrapassar pela primeira vez a marca de 600 milhões de toneladas na temporada 2013/14. Segundo a Datagro, consultoria especializada no mercado sucroenergético, a indústria terá à disposição neste ano 635 milhões de toneladas de cana, com incremento de cerca de 45 milhões de toneladas sobre 2012.

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Para dar conta da produção extra, usinas do Centro-Sul, que costumam abrir os trabalhos apenas em abril, iniciaram as atividades com pelo menos um mês de antecedência. A largada da temporada 2013/14 foi dada em fevereiro pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, em Jussara, no Noroeste do Paraná.

Focada na fabricação de etanol para o mercado interno, a destilaria aumentou em 30% a área de plantio e pretende ampliar em quase 60% a produção. "A chuva atrapalhou no começo, mas agora o ATR [quantidade de açúcar na matéria-prima] começou a melhorar e as perspectivas para a temporada são boas", conta o gerente de produção da unidade, João Teodorinho Luiz Coelho. A meta é ampliar em 800 mil toneladas o processamento neste ano, para 2,2 milhões de toneladas, e chegar a 2,8 milhões de toneladas moídas em 2014.

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No início da moagem, quando a cana ainda tem baixo teor de sacarose pela umidade, é comum as empresas optarem pelo etanol. Neste ano, contudo, o combustível deve ter preferência por mais tempo. Entre 50% e 55% da produção nacional de cana devem ter essa destinação, estima o setor.

Com maior produção de açúcar em importadores como Índia, Austrália, Rússia e União Europeia, os preços do alimento estão em baixa. "Há dois anos a cotação na Bolsa de Nova York estava acima de US$ 0,30 por libra-peso. Hoje não chega a US$ 0,18", compara o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), José Adriano Dias. Dois terços da produção brasileira de açúcar são destinados à exportação.

"Já etanol, que até o ano passado era o patinho feio do setor, agora é mais rentável", afirma o dirigente. O pacote de incentivos anunciado pelo governo federal no final do mês passado, cotações cerca de 8% superiores às do açúcar e um reaquecimento do consumo doméstico incentivam a produção do combustível.

Se esse cenário se confirmar, a produção de açúcar terá crescimento de apenas 3%, bem aquém do salto previsto para a produção de etanol, que deve aumentar 10% no Brasil em 2013.

39,2 milhões de toneladas de açúcar estão sendo produzidas no Brasil, 3% a mais do que no ciclo anterior. Com avanço de 10%, o etanol deve atingir 25,7 bilhões de litros, estima a Datagro.

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Superação começa no campo

Depois de enfrentar complicações climáticas com lavouras envelhecidas nos últimos dois anos, o setor sucroenergético vem se reestruturando e tomando o fôlego. Em 2011/12, a produção do Centro-Sul caiu abaixo das 500 milhões de toneladas, recuando dois anos na linha de crescimento. Investimentos industriais que foram suspensos na época começam a ser revistos e devem ocorrer paralelamente à renovação dos canaviais.

Sem conseguir renovar 20% das plantações ao ano, a indústria brasileira chegou a trabalhar com 20% de sua capacidade produtiva ociosa. O replantio ganhou força no último ciclo, mas ainda estaria abaixo do ideal. "Vínhamos com taxas de zero a 8%. No último ano, o índice foi de 20,5%", relata o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), José Adriano Dias. No Paraná, as lavouras envelhecidas, que em 2011 eram 300 mil hectares (40% das plantações de cana paranaenses), hoje somam 60 mil hectares, segundo a Alcopar. "Estamos tirando o atraso", declara.

Nas projeções da temporada atual, a Alcopar adota postura cautelosa e trabalha com os números do ano passado: moagem de 39,7 milhões de toneladas de cana e produção de 3,1 milhões toneladas de açúcar e de1,3 bilhão de litros de etanol.

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