Sistema atual não funciona
Ana Domingues, instituidora da Funverde, comentou na quinta-feira (18) que o atual sistema de reciclagem em Maringá não funciona. Ela afirmou que os 3% de reciclagem representam nada para um Município do porte de Maringá, com 357 mil habitantes, segundo estimativa de 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Funverde estima que o Município gere 400 toneladas de lixo por dia. Deste total, 40%, ou seja, 160 toneladas são de materiais recicláveis. Os 3%, portanto, representam 4,8 toneladas.
"Maringá não tem sistema para reciclagem. Está fazendo de conta que recicla", disparou a instituidora da Funverde. "Queremos parar de jogar matéria-prima no lixo e fazer com que os catadores vivam com dignidade. Temos dois caminhões para recicláveis [no Município]. Isso representa nada."
Um projeto pioneiro com sede em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, quer instalar uma Central de Valorização de Material Reciclável (CVMR) em Maringá, com o objetivo de potencializar o setor. Encabeçado pelo Sindicato da Indústria de Bebidas (Sindibebidas) do Paraná, o projeto foi apresentado na noite de quinta-feira (25) ao Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá.
Além de aumentar a capacidade de reciclagem no Município, que segundo a Prefeitura de Maringá é de 6%, a intenção da central também é dobrar o salário dos catadores, profissionalizando o serviço. Em Pinhais, a central recebe o material coletado por 17 cooperativas de cidades da região metropolitana de Curitiba e litoral.
Na CVMR são realizados diferentes processos que envolvem equipamentos que as cooperativas não têm acesso. Esses processos transformam o lixo em matéria-prima passível de ser comprada por grandes indústrias. Segundo o Sindibebidas, os equipamentos como prensa de alumínio e máquina de triturar vidro agregam valor ao material reciclado e potencializam as possibilidades de negociação do material. O lucro é repassado para as associações com base na quantidade de material entregue.
No primeiro semestre de 2013, a central somou 650 mil quilos de materiais reciclados, e a expectativa é que até o final do ano essa quantidade atinja mais de 1,3 milhão de quilos. Para Luiz Roberto dos Santos, secretário Executivo do Sindibebidas, esse dado demonstra que o projeto está em constante evolução.
"Esse crescimento é fruto da participação efetiva das associações de catadores. Quanto mais material eles recolhem, mais limpa a cidade fica, mais benefícios são gerados para o meio ambiente, e maior é retorno financeiro das pessoas envolvidas", afirmou. Santos disse acreditar que até o final do ano, o número de associações que fazem parte do projeto praticamente dobre, passando de 17 para 30 associações espalhadas por Curitiba, região metropolitana e litoral.
Maringá é uma das cidades candidatas a receber o projeto, assim como Londrina e Foz do Iguaçu. Para ter o projeto na cidade, no entanto, deverão ser investidos aproximadamente R$ 3 milhões. O valor inclui os equipamentos necessários para agregar valor aos materiais recicláveis, veículos de transporte dos produtos, e treinamento especializado aos catadores e demais profissionais envolvidos.
Intenção para instalação
A Prefeitura de Maringá não descarta o projeto, porém quer entender como tudo funciona e se a instalação da central será eficiente. "Precisamos ver a eficiência do projeto e se é economicamente viável. Precisamos entender as áreas técnicas, científicas e financeiras", disse o secretário de Meio Ambiente, Umberto Crispim. "Antes disso, eles precisam protocolizar o projetos. Sendo assim iremos analisar."
A instituidora da Funverde, Ana Domingues, disse que a instalação da central aumentaria o salário dos catadores de R$ 300 para quase R$ 1 mil, profissionalizando o trabalho deles no Município. "Essa central receberia todo o material coletado, sem que as cooperativas ficassem lotadas todos os dias. Facilitaria o serviço."
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