Marina acusou Caiado de ser “inimigo histórico dos trabalhadores rurais”, dificultando uma aliança com o Democratas| Foto: Alice Vergueiro/Futura Press/Folhapress

A primeira semana da ex-senadora Marina Silva no PSB gerou uma crise com possíveis aliados do presidenciável do partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, e criou um atrito interno na coalizão que deverá apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB). A filiação de Marina à legenda, anunciada no sábado, dia 5, também levou o PT a reagir durante a semana: o ex-presidente Lula reuniu líderes do partido para pedir que as alianças do PSB nos estados sejam dificultadas ao máximo.

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No Paraná, o ingrediente de crise foi dado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni. Durante a semana, o tucano usou sua conta no Twitter para criticar a filiação de Marina ao partido de Eduardo Campos, que ele atribuiu a uma articulação do PT. "Medo do Lula e do PT de perder eleição com Dilma, lança plano B com Eduardo e Marina", escreveu Rossoni. Ele disse ainda que "quem quer votar na oposição vai votar no Aécio" e que os outros são "filhotes do Lula".

De olho no quadro nacional, Rossoni parece ter deixado de lado a conjuntura local, onde o PSB é um tradicional aliado do PSDB. Os partidos estiveram juntos nas últimas disputas pelo governo do estado e pela prefeitura de Curitiba — o ex-prefeito da capital Luciano Ducci, do PSB, foi vice de Beto Richa e assumiu a prefeitura quando o tucano se candidatou ao governo.

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Para o presidente do PSB no estado, Severino Araújo, Rossoni fez uma "análise equivocada" do quadro eleitoral. "Considero uma leitura fraca", afirmou o pessebista. "Se o PSB quisesse estar com a Dilma, estaria no governo. Não tem lógica o que ele disse." O dirigente do PSB afirmou ainda que o partido apoiará Richa desde que ele suba no palanque de Eduardo Campos. "A aliança está delineada, só falta formalizar. Desde que ele (Richa) dê palanque para o Eduardo Campos."

A reportagem tentou contato ontem com Rossoni, mas ele não atendeu as ligações. O líder do governo Richa na Assembleia Legislativa, Ademar Traiano, negou qualquer desentendimento. "O PSB é o nosso parceiro número 1", afirmou. Para Traiano, o fato de Richa subir em dois palanques de presidenciáveis (de Campos e do senador tucano Aécio Neves) será benéfica. "É uma coisa natural, o PSB terá candidato a presidente e o PSDB terá o seu. Até auxilia na reeleição do governador."

Jogado ao mar

Outra crise na possível coalizão em torno da candidatura de Eduardo Campos se instalou no DEM. Ontem, o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse ter sido "jogado em alto mar", em referência à aliança entre Campos e Marina. Na terça-feira, dia 8, Marina acusou Caiado de ser "inimigo histórico dos trabalhadores rurais" e sinalizou que não há espaço para uma aliança entre o PSB e o deputado ruralista, que havia se aproximado de Campos no início do ano.

"Dizer que não tem nenhum acordo comigo foi um gesto que me deixou extremamente decepcionado", lamentou Caiado. O deputado afirmou que havia fechado acordo para apoiar a candidatura de Campos. "Depositei muita esperança nesse jovem" Entidades que representam o agronegócio acusaram Marina de ser preconceituosa com o setor.

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