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Rodovias

Quando agentes de tráfego se tornam "peões do asfalto"

O treinamento realizado em um haras em Nova Esperança conta com aulas teóricas e práticas, onde são repassadas orientações sobre como utilizar o laço, além das estratégias de abordagem | Assessoria de Imprensa da Viapar
O treinamento realizado em um haras em Nova Esperança conta com aulas teóricas e práticas, onde são repassadas orientações sobre como utilizar o laço, além das estratégias de abordagem (Foto: Assessoria de Imprensa da Viapar)
Somente neste ano, a Polícia Rodoviária Estadual já registrou 100 acidentes de trânsito envolvendo a presença de animais nas pistas |

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Somente neste ano, a Polícia Rodoviária Estadual já registrou 100 acidentes de trânsito envolvendo a presença de animais nas pistas

Não há botas com espora e nem montarias, mas o zumbido do laço não deixa de cortar o ar. Quando bois e cavalos invadem as rodovias entram em ação os "peões do asfalto", trabalhadores que removem os bichos do local e evitam graves acidentes. Esta função vem sendo desempenhada com frequência por agentes de tráfego de todas as concessionárias de rodovias no Paraná. Não é para menos, somente neste ano, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) já registrou 100 acidentes de trânsito envolvendo a presença de animais nas pistas.

Diante de tantas ocorrências, a concessionária Viapar (responsável por cerca de 500 quilômetros de rodovias nas regiões Norte, Noroeste e Oeste do Estado ) decidiu intensificar o trabalho de prevenção. Durante este mês, 90 funcionários que atuam diretamente no tráfego rodoviário estão aprimorando técnicas de abordagem e apreensão de bovinos e equinos. "É uma forma de especializar o pessoal, que assim fica preparado para uma ação rápida e adequada toda vez que isto se fizer necessário", explicou Sivonei Matheus, chefe regional de operação da empresa e organizador do curso.

Matheus fala por conhecimento próprio, afinal ele mesmo já passou por apuros envolvendo a invasão de animais na pista. Certa vez, teve que impedir sozinho que 11 bois invadissem uma estrada. "Estava fazendo o trabalho de inspeção em Paranavaí quando me deparei com a situação. Fui segurando a boiada com a ajuda de um galho até que a equipe de apoio chegou para tocar os animais de volta para o pasto. Foi um susto muito grande, mas com calma conseguimos contornar a situação".

Aprendendo a laçar

Laçar os animais não é uma tarefa simples. Tanto é que o treinamento realizado em um haras em Nova Esperança (na região Noroeste) conta com aulas teóricas e práticas, onde são repassadas orientações sobre como utilizar o laço, além das estratégias de abordagem . "Dependendo da maneira como os bois são abordados, eles podem se tornar agressivos ou correr para a rodovia. Existe toda uma forma de se aproximar sem espantar e, por fim, efetuar o laço", explicou o treinador do haras, Ricardo Rodrigues.

Além de promover o treinamento, a Viapar instituiu premiação para os funcionários que mais apreenderem animais. Na opinião de Sivonei Matheus, os bois são os mais difíceis de controlar. "Geralmente os equinos que encontramos são domesticados. Agora a maioria dos bois são criados soltos no pasto e agem de maneira imprevisível. Ao se deparar com a luz de um veículo, por exemplo, o animal pode ficar assustado e correr em direção da pista", explicou. Atualmente quatro das sete bases operacionais da empresa tem equipes com laçadores e caminhões boiadeiros.

Falta de conscientização que gera perigo

A invasão de bois e cavalos nas rodovias ocorre geralmente por falhas nas cercas e falta de preocupação por parte dos proprietários de áreas às margens das rodovias. Para tentar amenizar o problema, as concessionárias realizam campanhas de conscientização, no entanto, o número de acidentes e de animais retirados das pistas ainda é considerado alto pelas empresas. Somente nos três primeiros meses deste ano, por exemplo, a Rodonorte registrou 1.233 ocorrências envolvendo animais na pista (como o recolhimento de bovinos e equinos), incluindo 28 acidentes.

Na área atendida pela Caminhos do Paraná já foram quase 60 colisões com bichos desde 2008 (três somente neste ano). Segundo a empresa, os proprietários têm sido notificados, quando encontrados. O texto explana a respeito da guarda e da possibilidade do dono ser responsabilizado criminalmente em casos de acidente. Já a Ecocataratas recolheu 56 animais este ano. Os que não foram identificados e não são silvestres são encaminhados à Sociedade Rural de Cascavel.

Já na área de concessão da Viapar foram 34 acidentes e 124 bovinos e equinos removidos das rodovias em 2009. Este ano já foram registrados duas colisões e 29 remoções. Segundo o gerente de operações da concessionária, o engenheiro Luciano Mendes, o número de ocorrências poderia ser muito maior se não fosse os trabalhos de conscientização. "Recentemente foi distribuída uma cartilha que orienta sobre a manutenção de cercas. No entanto, ainda tem muitas pessoas que não se importam com o risco e acham um absurdo nós recolhermos os animais. Este é um problema que precisa ser discutido por toda a sociedade, inclusive, já estamos envolvendo o Ministério Público federal e estadual nesta questão", ressaltou.

Os bois e cavalos apreendidos são encaminhados para a Sociedade Protetora dos Animais em Paranavaí, onde ficam alojados por 10 dias, prazo máximo que o proprietário tem para retirá-los mediante pagamento de fiança de R$ 62,00, mais R$ 32,00 por diária. Se passar deste período, o animal pode ser leiloado e os recursos repassados para a entidade

Na Serra do Mar, o risco vem dos pequenos animais

Diferente de outros trechos rodoviários do Estado, os animais de grande porte (como cavalos e bois) não são os que oferecem maior risco na Serra do Mar. Segundo a assessoria de comunicação da Ecovia, a maioria das ocorrências na BR-277 (entre Curitiba e o litoral) estão relacionadas aos animais de pequeno porte. A média é de 300 ocorrências por mês (englobando acidentes, remoções, entre outras medidas), envolvendo principalmente cães e gatos (nas áreas de perímetro urbano de São José dos Pinhais e de Paranaguá) e animais silvestres (na Serra do Mar).

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