O supermando já era... E cada clube receberá pelo menos uma vez Coritiba, Atlético e Paraná no Estadual que começa hoje. Motivos suficientes para acabar com o desânimo que tomou conta das cidades do interior nas últimas duas edições do Paranaense.
São 12 clubes na disputa, o menor número desde 2001. Mas, com dois turnos, o torneio continua esticado. Terá no mínimo 22 datas, que podem chegar a 24 se times diferentes vencerem cada metade e se enfrentarem na decisão. Em 2009 e 2010, um turno único levava ao octogonal do famigerado supermando, no qual o primeiro classificado fazia todas as partidas em casa e o oitavo, nenhuma ao todo eram 20 rodadas.
A cidade de Cianorte pode ser tomada como um bom exemplo de quanto a fórmula prejudicou os clubes que fazem do Paranaense o seu calendário apenas o trio da capital tem competições garantidas no segundo semestre. Desde a sua fundação, em 2002, o Leão do Vale do Ivaí levava ao Estádio Albino Turbay uma média superior a mil pagantes. Nos dois últimos anos, contudo, mal conseguiu mobilizar 500 pessoas por partida.
O ápice do abandono foi vivido em 2009. Apenas 127 torcedores pagaram para assistir ao único jogo da fase final disputado na cidade, contra o Paranavaí, que não jogou nenhuma em casa um duelo símbolo do exótico regulamento.
O abatimento só deixou a população de Cianorte quando a tabela desta edição do Paranaense foi divulgada. "Nossa cidade voltou a se empolgar. As pessoas vêm falar na rua. Antes elas tinham repúdio pelo supermando, mas agora estão empolgadas", contou Adir Kist, gerente de futebol do Leão.
Ainda existem críticos sobre a forma como será disputada a final do campeonato os vencedores dos turnos fariam dois jogos sem levar em conta o saldo de gols. Mas de resto a fórmula tem aprovação quase unânime. Todas as equipes jogam entre si, percorrem as mesmas distâncias, não ficam ociosas antes do fim do campeonato...
"Antes, metade dos times jogava toda a competição, os outros apenas 65 dias. Depois, como pela lei se precisa fazer contrato de no mínimo 90 dias, ficavam apenas pagando os salários dos atletas", afirma o presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury.
Há outros problemas, como a baixa média de público, a qualidade dos gramados e a ausência de estrelas e cidades importantes (ver gráfico ao lado). Mas o dirigente aponta outros avanços além da nova fórmula. Fazer a Série Ouro com 12 clubes foi promessa de campanha. Há 10 anos o Estadual não é tão restrito. Em 2001, eram 10 na disputa. Em 2002, embora a primeira fase tenha tido 12, os quatro da capital entraram no fim. De lá até um ano depois de Hélio Cury substituir Onaireves Moura, em 2008, 16 equipes jogavam o Paranaense. O número baixou para 15 em 2009 e 14 em 2010.
"Doze é um número bom. Com dez sobrariam datas. E nós temos muitas cidades importantes aqui", afirma Amilton Stival, vice-presidente da FPF. Ele só vê um detalhe a ser melhorado. "Para o campeonato ficar perfeito precisávamos de mais uma data. Aí, se os dois jogos finais acabassem empatados, decidiríamos em uma terceira partida."
Outro ponto enfatizado por Cury é a renovação da arbitragem. Segundo ele, isso dá mais credibilidade a uma competição que em 2005 foi manchada pelo Caso Bruxo suborno de parte do quadro de arbitragem estadual. "Renovamos 95%. É só olhar no olho dos nossos árbitros para ver a jovialidade, vontade e entusiasmo deles", diz Afonso Vítor de Oliveira, presidente da Comissão de Arbitragem da FPF.
Mas o principal motivo de empolgação no interior é saber que os grandes da capital voltarão a frequentar todas as cidades. "Depois não sabem o motivo de haver mais torcedores de times paulistas do que para Atlético, Coritiba e Paraná", diz Adir. O Cianorte, por exemplo, não recebe o Coxa desde 2008. No ano passado, só jogou em casa contra o Paraná, enquanto o Atlético deu a última passada por lá em 2009.
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