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infraestrutura

Sarandi terá o último ponto de transbordo de gasoduto paranaense

Sarandi, no Noroeste do Paraná, será o último ponto de transbordo de um gasoduto que será construído no Paraná nos próximos anos. O projeto, da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), surgiu como alternativa do setor produtivo estadual para evitar a falta de abastecimento no futuro, já que a capacidade de distribuição do Gasoduto Bolívia-Brasil, no Sul do país, está praticamente esgotada.

O estado planeja construir um terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) em Paranaguá e um duto ligando o porto a Araucária. Em uma segunda fase, a intenção da Compagas é ampliar o gasoduto até Sarandi, otimizando a condução de gás no estado – a ideia é importar o produto da Rússia, processá-lo no terminal de Paranaguá e distribuí-lo até 2017.

Apesar da Compagas não falar em datas para começar a construir a tubulação que cortará o estado, a Prefeitura de Sarandi já se planeja para receber o último ponto do gasoduto. "Estamos fazendo previsões sobre zoneamento e traçado dessa infraestrutura em Sarandi", disse o secretário municipal de Urbanismo, Elton Toy. "Queremos otimizar o espaço urbano."

Segundo Toy, os estudos de zoneamento em Sarandi apontaram que o gasoduto seria instalado no limite com Marialva, na zona rural de Sarandi. "Fazemos um estudo que serve para aproximar a nossa área industrial ao gasoduto."

O secretário afirmou que o gasoduto possui uma área de segurança para ser instalado, com distância mínima de 15 metros das residências. "Nossa intenção é colocar uma avenida nas marginais do gasoduto, assim não haveria interferência alguma." Toy ainda previu que o duto trará mais parques industriais e empregos à Sarandi.

O presidente da Compagas, Luciano Pizzatto, trata a construção do gasoduto como algo imprescindível. "O governo federal já sinalizou que não tem como ampliar a rede existente [Bolívia-Brasil]. É uma necessidade para a indústria local que de uma forma ou de outra tem de ser suprida", afirmou.

Ele ainda afirmou que os projetos são sucessíveis, ou seja, a ampliação que vai cortar o estado será melhor avaliada quando a fase inicial em Paranaguá e Araucária estiver concluída. "Ter uma rede que vai irrigar o estado inteiro é excelente, pois também levaremos grandes empresas para o interior." O gasoduto também vai abastecer Maringá.

Projeto

A fase inicial do projeto já saiu do papel. A licença ambiental para que o gasoduto seja puxado do litoral está correndo – deve ser aprovada até o final do ano – e algumas empresas como a Andrade Gutierrez e a Techint demonstraram interesse na ideia, que funcionaria como uma parceria público-privada (PPP). A ligação entre o terminal e a unidade da companhia em Araucária deve custar cerca de R$ 400 milhões. A extensão até ainda não foi calculada.

O porto e o terminal em Paranaguá estão orçados em R$ 250 milhões e poderiam ficar prontos em um ano. A Compagas projeta que o terminal tenha capacidade de transformação de 7 milhões de metros cúbicos/dia, para atender a uma demanda inicial de 5,5 milhões de metros cúbicos/dia.

Duto deve incentivar o uso de gás de xisto

A falta de uma boa rede de distribuição pode minar o potencial de exploração de gás de xisto no estado, que tem uma das bacias sedimentares mais propícias do país para a extração do combustível. De acordo com a Administração para Informação sobre Energia americana (EIA), que mapeou as reservas do gás pelo mundo, a Bacia Sedimentar do Paraná [que engloba o território paranaense e sul matogrossense] é a 10ª maior do mundo, mas sem dutos, cada terminal de exploração vira, no máximo, uma usina termelétrica.

"Com uma distribuição ampla por dutos pelo estado, vamos aproveitar o potencial máximo para a indústria local. Vai ser uma verdadeira revolução energética", afirmou o presidente da Compagas.

A nova técnica de exploração horizontal do shale gás – como é mundialmente chamado – tornou a atividade economicamente viável. Antigamente, o gás de xisto que estava preso em jazidas a milhares de metros de profundidade do solo eram extraídas por uma perfuração vertical, mas a reserva não era aproveitada ao máximo.

O sistema foi popularizado nos Estados Unidos. Lá, o shale gas mudou radicalmente o panorama energético do país, passando de 1% da produção doméstica em 2000 para 35% da produção nacional em 2012, segundo dados do Ministério da Energia dos EUA.

"É revolucionário. Com pelo menos R$ 3 milhões já é possível instalar um terminal para fazer a exploração", explicou Pizzatto. Ainda que o índice de sucesso seja de apenas 20% para cada perfuração no solo, o investimento vale a pena. "É uma excelente alternativa, principalmente para as indústrias de médio porte.".

Bacia

A EIA acredita que só na Bacia do Paraná estejam guardados cerca de 6,5 Tm3, o que equivale a mais de 12 vezes as atuais reservas provadas de gás natural do país, de 450 bilhões de metros cúbicos. O professor de planejamento energético da Unesp, Carlos Eduardo Millo alerta que ainda é prematuro dimensionar o tamanho das bacias brasileiras. "Um estudo preliminar da Agência Nacional de Petróleo estima que o Brasil inteiro tenha estocado 5,6 Tm3 de shale gas, o que é significativo, mas inconclusivo sobre as nossas possibilidades."

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