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Alunos do ensino médio do Colégio Estadual do Paraná se preparam para garantir resultado semelhante ao obtido no Enem de 2010. Escola é uma das duas instituições públicas estaduais com mais de 600 pontos | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Alunos do ensino médio do Colégio Estadual do Paraná se preparam para garantir resultado semelhante ao obtido no Enem de 2010. Escola é uma das duas instituições públicas estaduais com mais de 600 pontos| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Concorrência digna de vestibular

Na última seleção para o 1.º ano do ensino médio, o Colégio Esta­dual do Paraná (CEP), em Curitiba, recebeu 1,4 mil inscrições para 450 vagas, uma concorrência digna de vestibular. A escola é a única das 11 melhores da rede pública que não é federal ou militar. Segundo a diretora do CEP, Tânia Maria Acco, o processo classificatório é realizado pelas notas do histórico escolar dos candidatos.

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Boa colocação em cinco anos

Na lista das escolas de Curitiba com as melhores notas no Enem, o Colégio Estadual Paulina Borsari, no bairro Guabirotuba, aparece logo depois do Estadual do Paraná. Embora oferte o ensino médio há menos de cinco anos e tenha apenas uma turma nessa etapa, a escola obteve 589,32 pontos, ocupando a 14ª posição entre as instituições públicas paranaenses. "Nossa média em Redação subiu de 610 para 640 entre 2009 e 2010. Em Matemática, passamos de 520 para 566. E nós não fazemos provas para selecionar os alunos, como acontece no Colégio Estadual do Paraná e no Colégio da Polícia Militar", afirma Vilma Tissot Bastos, diretora da escola há nove anos.

Participação

Apesar da média relativamente alta, o colégio teve apenas 12 alunos que fizeram as provas objetivas do Enem, o que corresponde a 66,7% dos concluintes do ano passado. O pequeno número de alunos em sala, aliás, é um dos motivos apontados por Vilma para a boa colocação. "Quando o professor tem muitos alunos na turma, é difícil dar a atenção necessária para todos", diz. Segundo ela, as notas também são resultado do comprometimento dos professores, a maioria deles com pós-graduação. O colégio tem laboratório de informática com acesso à internet, laboratório de Ciências, biblioteca, quadra de esportes coberta e refeitório.

Professor de Sociologia na escola, João Carlos Kimiechik Júnior já tem especialização e pensa em cursar mestrado. Segundo ele, a maioria dos alunos começa a se preocupar com uma carreira universitária quando ainda está no 2º ano do ensino médio. "Os professores costumam frisar a importância do Enem para quem quer entrar em universidades públicas ou conseguir uma bolsa nas particulares pelo ProUni [Programa Universidade para Todos]", afirma. (MC)

Apenas 11 escolas públicas estão entre as 138 primeiras colocadas do Paraná no ranking geral do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 – aquelas com nota acima de 600 pontos na prova. Entre elas, nove pertencem à rede federal de ensino e apenas duas são estaduais: o Colégio da Polícia Militar e o Colégio Estadual do Paraná. Com mais interessados do que vagas, todas selecionam os seus alunos. "A característica principal das escolas bem colocadas é a boa formação dos professores. A seleção também interfere diretamente na média do Enem. O aluno que entra já tem o conhecimento esperado e se sai melhor", avalia a professora Jani Moreira, do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Univer­­sidade Estadual de Maringá (UEM).

Essas escolas foram as únicas do sistema público a obter média acima de 600 e não representam a realidade da rede. Dos 1.036 colégios públicos do Paraná que tiveram suas notas divulgadas na semana passada pelo Minis­­tério da Educação (MEC), cerca de 80% conseguiram menos de 550 pontos. Na rede privada, o índice foi de 6,4%. A maior parte das particulares, 86%, conseguiu entre 550 e 650 pontos. "Os resultados evidenciaram que os índices mais baixos da avaliação situam-se nas escolas públicas. Essa questão é óbvia e esse resultado já era esperado", afirma Jani.

Segundo a professora, as médias do Enem demonstram o descaso com o ensino médio público. Ela lembra que, durante um longo período, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação considerou o ensino fundamental (1.º ao 9.º ano) como única etapa de frequência obrigatória, com a consequente ausência de investimento adequado no ensino médio. "Basta lembrar que a partir de 1996 tivemos a criação do Fundef, fundo financeiro que apenas repassava verbas públicas para o ensino fundamental. Com a Lei n.° 11.494, de 2007, instituiu-se o Fundeb como fundo de recursos disponíveis para toda a educação básica, e o ensino médio foi incluído", explica. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro­­fissionais da Educação (Fundeb) vincula à educação infantil, ao ensino fundamental e ao ensino médio uma parcela importante dos recursos constitucionalmente destinados à educação.

Equilíbrio

De acordo com o professor Ângelo Ricardo de Souza, do Núcleo de Políticas Educacionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), há certa homogeneidade nas médias das escolas públicas do estado. Quando se desconsideram as poucas instituições com notas bem mais altas ou bem mais baixas, há pequena variação nas médias do Enem. "No bloco mais uniforme, a maior nota é apenas 23% maior do que a menor média", diz. O nivelamento, porém, ocorre por baixo. Embora existam escolas públicas com desempenho semelhante ou maior do que em particulares, a maioria delas concentra-se na base do ranking.

No topo entre as instituições do interior

No interior do Paraná, a instituição estadual que obteve a maior nota no Enem foi o Colégio José Sarmento Filho (média 595,37), de Iretama, município de 10 mil habitantes próximo a Campo Mourão. Todas as turmas do ensino médio são voltadas para a formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental.

Desempenho

Embora apenas 21,7% dos alunos tenham feito o Enem, a diretora da instituição, Maria Izabel de Oliveira de Souza, considera que a baixa participação não invalida o desempenho positivo. "No Ideb do ano passado [índice que mede a qualidade do ensino fundamental] nós também fomos bem: conseguimos 4,1 nos anos finais [6.º ao 9.º ano], enquanto a nossa meta era 3,7", diz. Diferentemente do Enem, que é uma prova voluntária, o Ideb leva em consideração as notas de todos os alunos.

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