Os quase 50 dias sem chuva são comemorados por produtores de milho safrinha da região Noroeste do Paraná. Isto porque o período da colheita, normalmente entre junho e início de setembro, coincidiu com a estiagem, ajudando a manter o grão em condições ideais para o trabalho: seco e firme. "Estamos no final da colheita e é bom para o agricultor que o tempo se mantenha assim", explica o engenheiro agrônomo Jorge Ogassawara, do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Maringá.
O agricultor Jorge Alberto França afirma que gostaria de, pelo menos, mais 15 dias sem chuva para ter tempo de terminar a colheita com tranquilidade. "Seria uma beleza se isso acontecesse, já que a chuva estraga e derruba a lavoura", afirma. Além de 45 alqueires de milho, França é proprietário de 45 alqueires de trigo, espalhados pelos municípios de Maringá, Iguaraçu e Ângulo, no Noroeste do estado. Ele defende que a chuva neste momento seria prejudicial à colheita das duas culturas, pois deixariam os grãos úmidos, o que é desvalorizado pelas cooperativas.
Ele explica que a combinação de chuva no momento do plantio, ausência de geada no inverno e a seca no período da colheita foram fatores determinantes para a boa safra e os bons preços deste ano. Além disso, o bom momento do milho safrinha da região Noroeste coincide com a quebra de safra dos Estados Unidos, causada pela seca intensa nas regiões produtoras do país. A escassez de grãos no mercado externo seria outro ponto de valorização da safra paranaense, de acordo com o engenheiro agrônomo Jorge Ogassawara.
O produtor Édio Favoretto conta que por conta desses fatores, a saca do milho já é vendida por um preço 9,4% maior do que o comercializado no mesmo período do ano passado R$ 26,5, em 2012, contra R$ 24, no ano passado. Favoretto explica que toda sua colheita já foi negociada em contrato no final de 2010. "Vendi por R$ 20 a saca, porque naquela época a expectativa era que a saca da safra 2012 não passaria de R$ 15. Se tivesse aguardado, poderia ter um lucro maior. Mas não dá pra adivinhar, né?", diz, com bom humor.
Mesmo com seca no Sul, safra foi a maior da história
Apesar da seca que provocou quebra de 8,5 milhões de toneladas de milho e soja na Região Sul, o Brasil colheu na temporada 2011/12 a maior safra de grãos da história, conforme novo levantamento divulgado em 9 de agosto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A agricultura alcançou 165,92 milhões de toneladas de grãos, em uma área plantada de 50,81 milhões de hectares. Tanto em volume quanto em extensão, houve crescimento de 1,9% em relação aos recordes de um ano atrás.
A Conab atribuiu o resultado à expansão do milho que rende o dobro do volume de soja por hectare. Na soja, houve queda de 11,8%, para 66,4 milhões de toneladas. Mas, no cereal, a expansão foi de 26,8%, para 72,8 milhões de toneladas.
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