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Energia Renovável

Usinas de cana produzem eletricidade suficiente para abastecer cidade grande

Miguel, do grupo Alto Alegre: em grandes destilarias, processo é viável e "todos saem ganhando" | Rubem Vital / Gazeta Maringá
Miguel, do grupo Alto Alegre: em grandes destilarias, processo é viável e "todos saem ganhando" (Foto: Rubem Vital / Gazeta Maringá)
Maioria das usinas do Paraná ainda não estão preparadas para aproveitar o bagaço da cana para geração e comercialização de energia |

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Maioria das usinas do Paraná ainda não estão preparadas para aproveitar o bagaço da cana para geração e comercialização de energia

As usinas de cana-de-açúcar das regiões Norte e Noroeste do Paraná produzem energia elétrica suficiente para abastecer uma cidade com 600 mil habitantes, a partir da queima do bagaço da cana. Esse potencial é produzido por quatro unidades da Usina Alto Alegre - três delas nas regiões Norte e Noroeste do estado (nas cidades de Colorado, Santo Inácio e Florestópolis), que poderiam abastecer Maringá, Sarandi, Marialva e Cianorte.

No entanto, esse potencial é pequeno porque a maioria das usinas ainda não está preparada para aproveitar esse tipo de geração de energia. O Paraná tem o potencial para erguer um parque gerador de até 600 megawatts (MW), equivalente a pouco menos da capacidade de uma turbina de Itaipu Binacional. Apenas seis das 30 usinas em operação no Paraná, porém, produzem, a partir da biomassa, mais energia elétrica do que consomem, vendendo o excedente para a rede de distribuição.

As quatro unidades paranaenses da Usina Alto Alegre, que está habilitada para a produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana desde 2001, comercializam a energia renovável, diferente de outras usinas que ainda não conseguiram entrar nesse mercado. Para comercializar a energia, a usina utiliza as linhas de distribuição da Copel, pagando um pedágio à companhia pelo serviço. A comercialização é feita por meio de uma distribuidora, que "leva" a energia até o consumidor final.

Por se tratar de fonte de energia renovável, o governo federal subsidia 50% do valor do pedágio, como forma de incentivar esse tipo de geração. O desconto foi a solução para a Alto Alegre iniciar a produção, o que ocorreu somente quatro anos após a autorização para o começo da atividade. As grandes usinas reconhecem que o incentivo para entrar no mercado é pequeno para usinas que produzem menos energia.

"Se for uma usina pequena, a comercialização se torna pouco viável e a empresa precisa de mais incentivos do governo. Se for uma produção maior, como a nossa, a operação se torna viável e todos saem ganhando", explica o diretor agroindustrial das unidades da Usina Alto Alegre, Cidisnei Gil Miguel. "A usina e o produtor, porque aproveitam o bagaço e vendem a energia; e a Copel, porque recebe pedágio por um serviço que ela está apta a fazer sem comprometer sua estrutura."

No Paraná, somente as usinas Alto Alegre e Santa Terezinha comercializam energia elétrica. As demais produzem apenas para o consumo próprio. A reportagem da Gazeta Maringá tentou contato com a Usina Santa Terezinha para saber o potencial de produção de energia renovável do grupo, cuja diretoria informou que não se pronuncia sobre o assunto.

Usinas ainda preferem investir em plantio ao invés de geração de energia renovável

A falta de capital é o principal entrave para novos investimentos na geração de energia pelas usinas do Paraná. Segundo o superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), José Adriano da Silva Dias, os equipamentos das usinas são antigos e pouco eficientes, o que inviabiliza a operação. Para a produção de eletricidade as empresas precisariam de mais incentivos.

"O bagaço, que era um resíduo, hoje é um subproduto. Mas para produzir energia é preciso readequar as fábricas [usinas]. O aumento na eficiência é para fazer sobrar bagaço e poder gerar energia excedente, mas isso tudo é investimento, e cada usina tem uma capacidade de endividamento diferente", conta. O superintendente diz que alguns grupos acabam optando por investir o capital disponível para outras finalidades, como o aumento da área plantada ou outros equipamentos.

"É [necessário] muito dinheiro, esse é o problema. Para assinar um projeto desses há uma série de exigências, como capacidade de endividamento e de moagem de cana, para tornar o projeto viável. Vai da prioridade de cada um", resume.

Biomassa ganha espaço na matriz energética

Uma pesquisa sobre aproveitamento do bagaço de cana na produção de eletricidade mostra que a biomassa tende a ganhar espaço na matriz energética nacional. O assunto vem sendo investigado pelo Centro de Tecnologia Canavieira, de Piracicaba (SP). Num projeto em parceria com a New Holland, indústria que vem adaptando máquinas para enfardamento de bagaço, a alternativa mostra-se mais barata que as usinas hidrelétricas.

A vantagem é de R$ 102 para R$ 118 por KWz. No caso das usinas eólicas, fonte de energia limpa, o custo chega a R$ 198/KWz. Com as novas má­­­quinas que estão chegando ao mercado brasileiro, a palha acumulada no campo fica sob o sol até apresentar umidade de aproximadamente 10%. O material é disposto em leiras e enfardado, rendendo até 15 toneladas por hectare. Metade dessa palha pode ser recolhida para produção de energia elétrica, abastecendo as próprias usinas de açúcar e etanol. O setor ainda busca reduzir custos para estimular investimentos.

Um estudo do Instituto Internacional de Ambiente e Desenvolvimento de Londres, de 2011, aponta que a utilização da biomassa na geração de energia pode reduzir emissões de carbono e ajudar a enfrentar os desafios da mudança do clima, além de incentivar economias do mundo em desenvolvimento. O relatório diz ainda que a biomassa pode ajudar demandas crescentes de energia, desde que florestas sejam localmente controladas e manejadas levando em consideração a segurança alimentar. Se produzida e queimada de modo eficiente, pode também emitir baixos níveis de carbono, diz o estudo.

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