Representantes da Marinha e da Polícia Federal (PF) afirmaram ontem que não há informações concretas sobre a existência no Brasil da hidropirataria prática também conhecida como tráfico de água. O assunto foi debatido ontem durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Na Argentina, ambientalistas também já fizeram denúncias a respeito da pirataria de água do Rio Paraná.
A audiência foi convocada pelo deputado Lupércio Ramos (PMDB-AM), por causa de denúncias que circulam no Amazonas e na internet, segundo as quais navios de outros países que atracam no Rio Amazonas com petróleo e mercadorias voltam com os porões cheios de água doce, que seria engarrafada e vendida na Europa e no Oriente Médio. Alguns navios teriam capacidade para transportar até 250 milhões de litros de água. A captação seria feita na foz do Rio Amazonas e facilitada pela falta de fiscalização.
O baixo custo de tratamento da água doce brasileira estaria por trás do tráfico. Enquanto o preço da dessalinização das águas oceânicas é de pouco mais de US$ 3 por litro, o custo para tratamento da água da Amazônia seria de US$ 0,80 por litro.
Para o contra-almirante Antonio Fernando Monteiro Dias, que integra o Comando de Operações Navais do Ministério da Defesa, pode estar havendo uma confusão entre operações de lastro e deslastro de navios com furto de água. Essas operações, em que o navios recebe água, são feitas para estabilizar as embarcações e garantir segurança durante as manobras. Segundo Dias, a Marinha brasileira faz fiscalizações frequentes na área.
O coordenador de Articulação e Comunicação da Agência Nacional de Águas (ANA), Antonio Félix Domingues, considera a hidropirataria inviável do ponto de vista técnico. "Esse transporte não tem lógica, viabilidade, nem sustentabilidade econômica."
No ano passado, ambientalistas argentinos denunciaram a venda de água potável do Rio Paraná para a África e o Oriente Médio. A água seria oferecida via internet. "O governo argentino não manifestou preocupação", critica o ambientalista argentino Daniel Vezeñassi. Na Argentina, a água estaria sendo retirada no delta do Rio Paraná, próximo ao Rio da Prata.
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