É difícil, mas pode ser que eventos como "Guerra de Neve" e "Neve em Curitiba", organizados como brincadeira nas redes sociais, possam de fato acontecer. A chance é remota na capital, mas institutos de meteorologia garantem que há condições para que a tão esperada neve apareça hoje para moradores de municípios que ficam na divisa com Santa Catarina e no sul da região metropolitana. "A umidade e as baixas temperaturas favorecem a ocorrência, mas, de qualquer modo, seria neve de fraca intensidade", comenta o meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Instituto Tecnológico Simepar.
Independentemente da intensidade, as temperaturas próximas a zero grau geram expectativa nos paranaenses. A professora aposentada Tânia Scirea, moradora de Palmas, cidade que deve registrar mínima de -3ºC hoje, espera rever a neve. "Não sei se vai nevar, mas gostaria de poder relembrar meus tempos de juventude quando brinquei na neve", conta ela, que presenciou o fenômeno pela última vez em 1965. A auxiliar de produção Fernanda Souza se diz esperançosa. "Acho que vai acontecer. Fico até acordada de madrugada para tentar ver os flocos caindo", diz.
Ao longo da segunda-feira, vídeos e fotografias foram divulgados nas redes sociais e mostravam que havia nevado em cidades como Palmas e Pato Branco. Isso, no entanto, é difícil de ser comprovado, já que não existe um instrumento que consiga precisar se o fenômeno meteorológico ocorreu. Para comprovar a existência de neve, o Simepar precisa da ajuda dos cidadãos. "Pedimos que as pessoas nos enviem fotos e vídeos daquilo que eles acreditam ser neve para que possamos verificar e registrar a ocorrência", informa Jacóbsen.
No interior, houve registro confirmado de um fenômeno meteorológico semelhante, chamado de chuva congelada também conhecido como "sleet". A técnica em meteorologia do Instituto Somar Patrícia Vieira explica que a diferença começa já em sua formação. "A chuva congelada ocorre quando as gotas de chuva congelam conforme estão caindo. Com a neve, o floco se forma já nas nuvens", diz. "Quando a neve cai no chão, ela continua por ali. Com a chuva congelada, as gotas derretem assim que tocam alguma superfície", completa.
A massa de ar polar que está derrubando termômetros no Sul do Brasil vai continuar a afetar as temperaturas pelos próximos dias, mas as chances de neve caem drasticamente a partir de amanhã. Isso acontece porque a umidade necessária para que o fenômeno ocorra deve diminuir, o que aumenta a previsão de geadas fortes no interior e deixa os agricultores em alerta. "Com a mudança no quadro, o Paraná terá tido chuva, neve e geada em três dias, o que faz com que as farmácias consigam lucrar bastante", brinca Patrícia.
Chuvas deixam 1,6 mil desalojados no estado
Rafael Neves, especial para a Gazeta do Povo
A Defesa Civil publicou no final da tarde de ontem um boletim atualizado com os danos causados pelas chuvas que atingem o Paraná desde o último sábado. De acordo com o relatório, 1.613 pessoas foram desalojadas, sendo 1,4 mil do município de Santa Cecília do Pavão, no Norte do estado.
Em Curitiba, uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas por causa das chuvas do fim de semana. A morte ocorreu na madrugada de domingo no bairro Uberaba. Cleonice Cristine Machado, de 18 anos, estava dentro de uma casa que foi atingida pelo desabamento da cobertura de um sobrado em construção.