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Independente da época da maternidade em que esteja, a culpa pode rondar os dias de uma mulher. Frases como “não sou uma boa mãe para o meu pequeno”, “não consigo compreender meu filho adolescente”, acabam sendo ditas com uma frequência maior do que se desejaria. Afinal, quem nunca perdeu a paciência com o filho ou não conseguiu atender as crianças enquanto fazia diversas tarefas dentro e fora de casa?
A maternidade traz situações que fogem ao controle a todo momento. Todo dia há um novo aprendizado, um desafio a se enfrentar. Mas é preciso recomeçar diariamente, vencer o sentimento de culpa e buscar virtudes essenciais para que a criação dos filhos seja frutífera, como a perseverança, a paciência, a coragem, a humildade e a generosidade.
Susan Merril é uma escritora norte-americana que lidera com seu marido um programa chamado Family First, que conta com uma área especializada em maternidade. Ela contou em seu blog, certa vez, que passou anos “errando” com seus filhos, que hoje já estão na casa dos 20 anos. Ela é mãe de cinco, sendo dois deles adotivos.
Em seu relato, Susan conta como foi sua jornada para lidar melhor com o sentimento de culpa que sentia diariamente. Esse foi um dos motivos pelos quais ela passou a escrever sobre maternidade, assim podendo auxiliar outras mães em contextos semelhantes. “Sei como você se sente. Tiveram muitos dias, especialmente quando meus filhos eram crianças e adolescentes, que eu me senti assim”, conta ela na publicação. “Mas eles ficaram mais velhos [agora são adultos] e eu passei a entender melhor tudo o que já me aconteceu”.
Olhando para o passado, a escritora observou três atitudes que a fizeram enfrentar as culpas que sentia, seguindo em frente com a criação dos filhos. Uma delas foi ter mais tempo de qualidade com eles, tirando o foco da sua lista de tarefas. No final de cada dia, Susan parava alguns minutos para lembrar o que havia feito nas últimas 24 horas e percebia inúmeras situações envolvendo pratos, lições de casa, almoço, uniformes, lavanderia, trabalho e contas. “Eu sofria ao perceber que tinha uma excelente execução nas tarefas para meus filhos, mas pouca conexão com eles”, diz ela, ao reforçar que isso não é um incentivo para ignorar suas tarefas diárias, mas que ser mãe é ir além de concluir tarefas para os filhos: é ser presente na vida deles.
A segunda atitude que ela percebeu ser fundamental é compreender que uma mãe não tem o controle de tudo. No percurso da maternidade é comum sair do rumo em algum momento e não se pode assumir que a culpa por tudo é da mulher. “Vamos sair do caminho traçado por nós antes dos filhos chegarem. Essa é a natureza da vida e da maternidade”. A beleza de criar filhos é ter uma nova chance de recomeçar todos os dias e, às vezes, a cada hora. “Então, por favor, não seja muito dura com você. Só porque você sai daquele caminho traçado anos antes, não significa que a estrada da sua vida se perdeu. Apenas volte e tente retomar a viagem”, incentiva.
Por fim, reconhecer seu valor como mãe é essencial. Comparar-se com outras mulheres que aos seus olhos são mais organizadas, carinhosas ou que conseguem lidar de maneira diferente com as situações, não é benéfico. Susan revela que só compreendeu isso quando se deu conta de que não existe um padrão de maternidade perfeita, mas que cada mãe é perfeita para o seu filho especificamente.
O convite de Susan, diante dessas constatações, é de que as mães celebrem quem são, com suas dificuldades e imperfeições, buscando aplicar-se em virtudes que façam dela a melhor mãe para seus filhos. “Você é incrível como mãe e você pode ser livre de toda a culpa que traz consigo”, finaliza.