Ainda nesta semana, uma das cinco turbinas da Usina Hidrelétrica de Mauá, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira (Campos Gerais), deve começar a operar comercialmente. A última etapa da liberação do empreendimento pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) foi concluída na sexta-feira, quando o órgão concedeu a licença de operação ao Consórcio Cruzeiro do Sul (formado pela Copel e pela Eletrosul e que administra a usina construída no Rio Tibagi). O superintendente geral do consórcio, Sérgio Lamy, diz que todas as exigências de conservação ambiental foram seguidas. Ele estima que a usina entrará em operação comercial definitiva em janeiro de 2013.
Um dos principais itens para a obtenção da licença era a criação de uma área de preservação com o mesmo tamanho e as mesmas características ecológicas da área desmatada para dar lugar à usina. "Esta área já está definida. Ainda não foi adquirida, mas assinamos um termo de compromisso de aquisição com o IAP. Como ela pertence a vários proprietários, estamos fazendo um estudo cartográfico e um levantamento fundiário. Também precisamos negociar com cada um dos proprietários, o que deve levar alguns meses", explica Lamy. O consórcio já depositou duas cauções, que somam cerca de R$ 58 milhões, para garantir a compra.
A área de compensação tem 4.168 hectares. Ela fica na margem esquerda do Tibagi, na região da Serra Grande, em Ortigueira. Cerca de 50% da região é formada por reservas de Mata Atlântica e outros 50% precisam ser reflorestados.
Lamy afirma que foram desenvolvidos 34 projetos ambientais para minimizar os danos da usina. "Estamos fazendo monitoramento constante da qualidade da água e acompanhamos o comportamento e as mudanças na ictiofauna (peixes)", afirma. Ele diz ainda que todos os restos de demolição foram retirados antes do alagamento, bem como cerca de 70% da fitomassa (plantas, folhas, troncos). "Esses materiais retiram oxigênio da água e precisam ser recolhidos antes de se formar um lago. Um estudo da Universidade de São Paulo aponta que precisaríamos retirar, pelo menos, 60% da fitomassa", salienta.
Operação
O enchimento do lago de 84 quilômetros quadrados ainda não está completo. No fim da semana passada, a altura da água era de 627 metros, apenas um metro acima da cota operacional mínima. Apesar de faltarem oito metros para o nível ideal (635), a altura permitiu a realização dos testes na turbina número cinco, a primeira que vai operar, com potência de 5,5 megawatts (MW). Ao todo, a potência instalada de Mauá é de 361 MW.