Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, Rafael Cervi, marido de Dayana e pai de Felipe e Thais, mortos no incêndio, diz acreditar que houve falta de preparo dos bombeiros que trabalharam no incêndio. Cervi também deu detalhes das conversas que teve com a esposa durante o incêndio.

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Como você ficou sabendo do incêndio e como acompanhou o trabalho dos bombeiros?

Eu fui informado pela Dayana. Ela me ligou dizendo que o prédio estava pegando fogo e que ela não tinha como sair. Eu então ligava para ela, para saber da situação. Fiz cinco telefonemas normais e no sexto ela desligou dizendo: "Tá difícil... Eu preciso desligar para cuidar do Felipe e da Thais". Ela também estava conversando e recebendo orientações de um bombeiro.

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E o que você achou do trabalho dos bombeiros?

Eles sabiam que havia pessoas no prédio duas horas e meia antes de o incêndio terminar daquele jeito. E isso era tempo suficiente para entrar e retirar as pessoas. Os bombeiros calculam que havia mais de 100 soldados, com 18 caminhões, trabalhando. Acho que teve ineficiência. Não quero acusar ninguém, mas me pareceu falta de preparo e de vontade.

O prédio era antigo?

Era de 1960 e não tinha extintor. Tinha escada, mas o acesso ficou impedido porque o primeiro apartamento do corredor, à esquerda, foi o primeiro a pegar fogo. Ela não tinha como sair pela escada. E eu até tentei furar o bloqueio para subir, mas a polícia não deixou.

A família tem recebido apoio das autoridades?

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Hoje (ontem) mesmo eu procurei o consulado brasileiro daqui e recebi a informação de que eles não poderiam me ajudar. E só me procuraram depois que uma equipe de reportagem ligou para lá pedindo informações. É incrível... Eles cobram uma fortuna pelos serviços que oferecem e, quando a gente precisa, dizem que não podem ajudar. Estou mais revoltado com isso do que com o que aconteceu com a minha família. O engraçado é que somos brasileiros e somos mais bem tratados pela polícia e pelos assistentes sociais de Londres do que pelas autoridades do nosso país.

Que balanço você faz desses anos que viveu em Londres?

Foram os melhores seis anos da minha vida. Essas três pessoas vão ser minha vida e minha felicidade para sempre, independentemente da dor que sinto agora.