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O cardiologista Jorge de Paula Guimarães, de 63 anos, foi baleado e morto no início da manhã deste sábado (24) na Avenida Brasil, na zona norte do Rio de Janeiro. A vítima foi encontrada por policiais do Batalhão de Policiamento de Vias Expressas (BPVE) dentro de seu carro, um Honda Civic. Por volta de 9h30, agentes da Delegacia de Homicídios chegaram ao local para dar início às investigações. A polícia trabalha com a hipótese de latrocínio.

Guimarães estaria trafegando na pista sentido centro da cidade quando foi alvejado. O veículo foi encontrado em um trecho em obras no canteiro central da avenida. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o médico pertencia ao corpo médico do Hospital Rocha Faria, em Botafogo, na zona sul da cidade, e estava escalado para o plantão deste sábado.

Amigos e parentes lamentaram a morte do médico. Reunidos no Instituto Médico-Legal, para onde o corpo foi levado, eles lembraram que Jorge andava preocupado com a violência no Rio e pensava em deixar a cidade, já que, em fevereiro, um dia antes do carnaval, ele fora vítima de um assalto em Piratininga, região oceânica de Niterói. Na ocasião, teve um Honda Civic roubado.

“Eu o conhecia há anos, fomos muito amigos. Ele era de um caráter enorme, personalidade forte, correto, excelente médico e muito estudioso. Ele reclamava da violência. Já tínhamos comentado sobre sair da cidade. Está muito difícil”, comentou o ginecologista Paulo Corrêa, que trabalhava com o cardiologista em uma unidade de saúde de Niterói.

Consternação

Jorge trabalhava no Hospital Estadual Rocha Faria desde 2002. Na unidade, localizada em Campo Grande, o clima neste sábado é de consternação pela tragédia. Companheira de plantão do médico há 18 anos, a técnica de enfermagem Denise Alves, de 54 anos, se emocionou ao falar do colega.

“Ele era uma pessoa muito humana, muito tranquilo em todas as situações. Era muito atencioso com os pacientes. A gente vai sentir muita falta dele, ninguém acreditou quando chegou a notícia. Infelizmente, os bons acabam indo embora desse jeito”, desabafou Denise.

O auxiliar administrativo Valmir Ramos também lamentou a morte do médico. Segundo ele, Jorge sempre chamou a atenção pela simpatia com que tratava todos os funcionários. “Era uma pessoa muito comunicativa. Os colegas já ficavam aguardando a chegada dele. Hoje (sábado) um médico próximo a ele chegou a ligar de manhã, brincando com o atraso. Mas ele já estava morto”, disse Valmir.

Medo da violência

Morador da Tijuca e pai de três filhas, o médico nasceu no Rio e se formou pela Universidade Gama Filho, em 1978, especializando-se em Cardiologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2004, Jorge recebeu o título de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro do deputado Albano Reis (1944-2004). O clínico geral Hilton Gueiros, que trabalhava com a vítima havia seis meses, destacou a disposição do veterano em passar adiante seu conhecimento e ajudar os pacientes, inclusive distribuindo remédios.

Segundo ele, a morte do cardiologista aumenta o medo de trabalhar em um hospital do subúrbio. “É lamentável, ele sempre demonstrou gostar muito de trabalhar aqui. É sempre uma insegurança, a gente fica tenso de ter que passar pela Avenida Brasil para chegar até aqui. Se surgir uma oportunidade de trabalhar mais perto de casa, eu vou”, disse Hilton.

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