O médico ortopedista André Santana Fonseca Rodrigues foi preso na manhã desta terça-feira (7). Ele foi denunciado pelo Ministério Público por cobrar indevidamente para realizar atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Santa Casa de Misericórdia em Cornélio Procópio, Norte Pioneiro do Paraná. O médico estava com o mandado de prisão decretado desde segunda-feira (6) e tentava fugir para o estado de São Paulo. A Polícia Militar prendeu o médico na cidade de Bandeirantes, a 40 quilômetros de Cornélio Procópio.
Rodrigues, de acordo com o MP, exigia a cobrança de valores para realizar cirurgias, que geralmente eram urgentes, informando aos familiares que não havia vaga disponível ou que a qualidade da operação seria pior, se não houvesse pagamento. Muitas vezes ele se recusava a atender o paciente sem a contrapartida do pagamento e também exigia valores para fornecer atestados médicos referentes a cirurgias que eram realizadas pelo SUS.
Cobrança indevida
Em novembro de 2014, Kelly Cristina Pereira dos Santos sofreu uma fratura exposta na perna em decorrência de um acidente de carro. A paciente foi encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia, que é hospital de referência na região. De acordo com o MP, após constatar a necessidade imediata de cirurgia o médico exigiu a cobrança de R$ 2 mil, alegando que o material hospitalar era muito velho e que só faria o procedimento mediante o pagamento do valor exigido.
Como os familiares se negaram a fazer o pagamento a cirurgia não foi realizada. Kelly estava com a perna inchada, com febre e vômito. O Ministério Público oficiou a Santa Casa e dois dias depois a cirurgia foi realizada gratuitamente.
A idosa Tereza Gonçalves Miranda. Na véspera do Natal, ela sofreu uma queda e teve fratura exposta no punho esquerdo. Ela fez cirurgia na Santa Casa e recebeu alta no dia 26 de dezembro. O médico pediu para que ela fosse a seu consultório particular e disse que o procedimento tinha que ser realizado novamente para colar um pino no braço. Rodrigues informou que o procedimento seria realizado pelo SUS, mas exigiu o pagamento de R$ 2 mil.
O valor seria para que o médico encontrasse uma vaga para a paciente e para o pagamento do anestesista. Ele pediu ainda que o dinheiro fosse entregue em seu escritório particular, de acordo com o MP. Em depoimento ao órgão, familiares de Tereza informaram que tiveram que fazer um empréstimo para pagar o valor exigido. Todavia, conforme demonstrativo, o procedimento foi totalmente custeado pelo SUS no valor total de R$ 529.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o escritório Amaral & Associados, responsável pela defesa de André Santana Fonseca Rodrigues, mas até o fechamento desta reportagem os advogados não quiseram se manifestar sobre o assunto.